domingo, 24 de junho de 2007

Vai fazer, faz direito!

Gostaria que este fórum fosse apenas para falar de idéias boas e de discussões produtivas que tive com meus alunos em minha sala. Mas como no mundo real nem tudo são flores (e a minha sala infelizmente se situa nesse mundo), resolvi usar este fórum para discutir um assunto que anda me tirando o sono...

Uma das coisas que mais me irritam no momento é ver alunos inventando desculpa esfarrapada pra não assistir aula e pra justificar, sabe-se lá por que, o fato de não terem assistido uma aula e da assinatura deles estar mágicamente estampada na lista de chamada. "Sabe como é, né professora? Todo mundo faz isso...". No primeiro dia de aula eu disse que não reprovava ninguém por falta, só por incompetência. Claro, esses alunos também não apareceram no primeiro dia, mas tudo bem... (gostaria de informar que só aconteceu isso porque os alunos assinaram um acordo de fazer mais uma prova, e eu disse que esta só aconteceria se todos assinassem, com isso, alguns faltosos me procuraram para assinar a lista e surpresa: já estava assinada...)

O problema não é bem faltar, ou pedir pra alguém assinar a lista que eu tenho que passar por questões burocráticas. O problema é tentar justificar o injustificável com insinuações do tipo: _"Sabe professora, o tipo de professores que temos aqui reflete em nosso comportamento..." Como assim?, pergunto eu, atônita. "_Aposto que a maioria dos professores que dão aula aqui também faltavam aulas como eu". Tá, tudo bem, todo mundo já faltou aulas, mas justificar uma atitude com outra do passado do seu professor não é um pouco demais? Por quê um aluno universitário, adulto e dono do próprio nariz não é capaz de assumir que faltou porque não estava com vontade de assistir à aula, seja porque a aula é ruim, ou repetitiva, ou simplesmente porque ele não tem nenhum interesse na matéria em questão?

A cultura que se criou por aqui, e que talvez seja coisa antiga, é: "não faço o que tenho que fazer, mas alguém sempre assina pra mim, de modo que, para fins burocráticos, fique registrado que fiz". Isso me lembra os deputados na época do Geton (alguém aí sabe se ainda existe?). Os deputados votavam pressionando botões num painel eletrônico, e quando um deputado faltava ao plenário, o "coleguinha" do lado votava por ele, de modo que ele não perdia o adicional (o tal do Geton) que ganhava só por comparecer (ou não!). Quando um aluno perde uma aula, problema dele, quem corre o risco de perder alguma coisa é ele mesmo, mas quando um deputado falta ao plenário e deixa que outro vote por ele, pode estar prejudicando seus eleitores.

Voltando aos alunos: não acho que as aulas sejam essenciais, elas deveriam servir de guia de estudos, para nortear o que deve ser estudado. As aulas também poderiam ser um momento em que o aluno pode sanar dúvidas e discutir certos pontos. De qualquer forma, se o aluno é capaz de aprender as coisas por conta, em princípio não precisa assistir a nenhuma aula, desde que seja capaz de ser aprovado nas provas. O problema é que boa parte dos alunos que falta em geral não é capaz de fazer as provas, o que resulta em mais tempo ocupando uma vaga na universidade, o que onera o estado no caso das universidades públicas. Ou seja, quando não tem competência pra estudar por conta e mesmo assim falta, o sujeito não está mais só se prejudicando, está onerando o estado, consumindo à toa o seu dinheiro, caro leitor, o meu e o dele mesmo. Minha sugestão é a seguinte: você acha que está perdendo tempo assistindo aula? Não assista, você tem o direito de economizar o seu tempo e o do professor. Mas por favor, use esse tempo pra estudar, mas estude direito e dê um jeito de ser aprovado, de preferência logo!

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