quinta-feira, 25 de outubro de 2007

ainda falando do Asimov...

Tava "fuçando" nas ferramentas disponíveis para blogueiros não profissionais e achei esse negócio de enquete eletrônica. Achei que cabia uma enquete sobre o Asimov, já que decidi fazer uma campanha de divulgação do "Bom Doutor". Percebi que a popularidade do Blog aumentou nos últimos tempos, mas não sei se as pessoas entram por acaso, porque procuram no Google por algumas das muitas palavras que eu acabo usando na minha verborragia eletrônica, ou se tem gente realmente interessada nas bobagens que escrevo. De qualquer jeito, peço aos visitantes que votem, só pra eu saber o quanto ainda devo insistir na história do Asimov.

Pensei também em colocar um link para resenhas dos livros. No Blog do Lawrence (http://isaacasimov.wordpress.com) tem algumas, mas são tantos os livros que acho que mesmo com milhares de blogueiros fazendo a mesma coisa não vamos conseguir resenhas dos mais de 500 livros. Quem leu alguma coisa dele recentemente está convidadíssimo a incluir resenhas dos livros aqui. Prometo que coloco a resenha com o devido crédito a cada autor. Tomara que mais gente entre nessa campanha de divulgação, me entristece profundamente notar que Asimov pode cair no esquecimento...

terça-feira, 23 de outubro de 2007

falando no Asimov...

Fiquei chocada ao perceber que quase ninguém aqui da Universidade ouviu falar do Asimov... E eu que pensava que ele era pop até demais. Quando descobri Isaac Asimov já tinha uns 14 anos e custei a me perdoar por não ter ouvido falar nele antes, como se eu tivesse culpa.

Bom, resolvi encarar uma empreitada de divulgação do "Bom Doutor" e felizmente descobri que já tem gente fazendo isso... Não me resta mais nada a fazer senão divulgar quem já está divulgando o Asimov.

Pra quem acha que o Al Gore foi o primeiro a alertar sobre os perigos do aquecimento global, saiba que Asimov, ainda em 1974 já tinha dito que a queima de combustíveis fósseis ia provocar o aquecimento do planeta e o derretimento das calotas polares.

Pra quem já ouviu falar que nenhum dos grandes escritores de ficção científica tinha previsto a Internet, ao ler outro dia um ensaio que o Asimov fez para a Enciclopédia Britânica, li um trecho que me emocionou: ele disse que ansiava pelo dia em que as pessoas teriam computadores portáteis ligados a um computador central que contivesse toda sorte de informações. Se isso não é uma previsão clara do que a Internet pode ser para nós, então não sei o que é...

Vou colocar os links para os blogs e sites do Asimov que encontrar surfando na web. Se alguém tiver mais alguma referência, por favor, me avise. Mais um favor, se você nunca leu nenhum dos 508 (acho) livros dele, passou da hora de ler! Pouquíssima gente pensa ou pensou com tanta clareza sobre tantos assuntos diferentes quanto Asimov, asseguro que é uma leitura no mínimo prazerosa dos 8 aos 150 anos!

será que vale a pena?

Desde que fui contratada na Universidade não tinha tido o privilégio de dar aulas na pós graduação, não que eu prefira dar aulas na pós, o que prefiro é ter alunos interessados, já que a disciplina não é obrigatória e portanto faz quem tem interesse. Como estou dando aula sobre uma das coisas que mais gosto de fazer, a minha satisfação aumenta ainda mais.

O grande barato é poder recomendar artigos e outras leituras para que os alunos leiam e possamos discutir em sala de aula, o que quebra a rotina enfadonha de dar aulas, falar "mais que pobre na chuva" como dizem os meus amigos mineiros e esperar que os pobres alunos consigam absorver pelo menos alguma coisa. Gosto mais de diálogos que de monólogos, especialmente quando se trata dos meus monólogos.

Outra coisa que gosto de fazer também e imbuir um certo espírito crítico nos alunos, de modo que possam ler textos acadêmicos de primeira qualidade e ainda assim conseguir contestar, pensar a respeito e concluir de forma livre e independente sobre o que foi lido (e chegar à conclusão de que poderiam ter feito melhor, este é o auge!). Como nesta disciplina eu ensino basicamente a construir filogenias baseadas em moléculas (filogenia molecular), é ainda mais fácil mostrar as limitações dos métodos de forma a retirar o aspecto impositor e doutrinário que as árvores filogenéticas parecem ter sobre os biólogos em geral.

Bom, durante uma discussão, onde eu estava enfatizando muitas das limitações dos métodos filogenéticos, um aluno me perguntou sem mais delongas: "se tem tanta limitação assim, porque deveríamos perder nosso tempo estudando evolução com estes métodos?"

Boa pergunta... Ao mesmo tempo que é boa, tem uma certa dose do preconceito de que a ciência tudo pode e que as respostas são absolutas. Nossa história escrita (do Homo sapiens) mostra uma série de interpretações errôneas sobre o mundo que em seu momento foram úteis para descrever fenômenos naturais, fazer previsões e mesmo fazer avançar tecnologias que no fim das contas aumentaram nosso tempo e qualidade de vida. Talvez os métodos filogenéticos não sejam mesmo a melhor maneira de estudar evolução, talvez tenhamos que pensar em novas formas ou resgatar formas antigas, mas por hora, apesar de todas as limitações conhecidas e as outras que ainda não percebemos, é infelizmente uma das melhores ferramentas que dispomos. Talvez todos estes estudos no final se mostrem errados mesmo e vamos ter que começar a estudar tudo de novo (e acredite, alguém vai se deliciar em começar de novo!)

Existe porém uma esperança de que nem todas as respostas estejam erradas e que possamos aproveitar parte deste conhecimento para poder compreender melhor a evolução da vida. É nesta esperança que eu me agarro ao estudar cada vez mais organismos e tentar retirar algum aspecto geral, em termos de padrões e processos, destes estudos.(Essa é em homenagem ao meu professor de evolução, que me ensinou que o que importa em evolução são padrões e processos, muito mais do que qualquer detalhe sobre qualquer grupo de organismos em particular).

Bom, onde eu queria chegar mesmo é num plágio declarado a um ensaio do Asimov que li outro dia: neste ensaio ele falou de várias importantes descobertas da ciência que em princípio foram tratadas como inúteis e risíveis. No comecinho do ensaio ele cita uma cena famosa atribuída a Aristóteles, que quando perguntado por um aluno da finalidade de se aprender filosofia e matemática o mandou embora, não sem antes dar-lhe uma moeda para que o aluno não ficasse com a sensação de que se esforçou tanto por nada...