tag:blogger.com,1999:blog-8696399243888841082024-03-14T01:43:02.526-03:00aulas, alunos e ideiasMais que um blog de educação, que pretende discutir a relação professor-aluno, este blog também tem como objetivo (me) fazer refletir sobre a vida em sociedade e o papel da educação no direcionamento de novos cidadãos... Será que isso é realmente possível?Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.comBlogger80125tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-48881774787462062482017-08-07T18:20:00.005-03:002017-08-07T18:20:56.436-03:00Decidi resistir<div class="p1">
<span class="s1">Parando para pensar no passado distante, que ideia foi essa de sonhar em ser pesquisadora no Brasil? Isso só pode ter saído de uma mente doentia ou ignorante demais para achar que isso tinha alguma chance de dar certo.</span></div>
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<span class="s1">Nasci no Brasil, o maior dos países da América Latina, abençoado e amaldiçoado pelas riquezas que tem e que é capaz de produzir (desde que bem mandado pelo deus mercado, que diga-se de passagem tem interesse por ALGO, paga muito bem e no instante seguinte acha outro fornecedor mais em conta deixando quem dependia do ALGO na miséria). Por aqui não dá pra sonhar muito alto, pra ser pesquisadora, tem que ser professora universitária, de preferência em universidade pública.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></div>
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<span class="s1">Por aqui temos uma elite tão mesquinha, mas tão mesquinha, que grande parte se formou (de graça) em universidades públicas e agora quer que elas sejam pagas. Sim, porque se o meu está garantido, que se dane quem vem atrás… E as cotas? "Cotas? Pra que cotas? Pro meu filho ainda por cima pagar pro coleguinha pobre? Coisa de comunista, cada um que se vire, trabalhando todo mundo consegue”.</span></div>
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<span class="s1">Por aqui pesquisa básica não tem vez. Nem nas agências de fomento. Ou você sugere que a sua pesquisa vai trazer alguma ajuda para combater pragas ou doenças (estou falando de biologia, nem imagino como é nas outras áreas), ou as suas possibilidades são minúsculas de conseguir o que quer que seja.</span></div>
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<span class="s1">Por aqui ser funcionário público é como ter uma doença contagiosa contraída num banheiro xexelento… Tem funcionário público que não assume que é funcionário público, vá entender. Funcionário público não tem o respeito de ninguém. Todo mundo pega a excessão como regra e acredita nas regras ditadas pela imprensa: funcionário público não trabalha, recebe mais do que merece: bando de vagabundos que não merecem o que ganham. Aliás, pra que funcionário público se tudo podia ser privado, né?</span></div>
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<span class="s1">Por aqui ser professor também não é grande coisa. Aliás, ser professor funcionário público deve ser um xingamento dos piores, daqueles que eu nem tenho coragem de procurar um paralelo escatológico. Nem seus alunos, aqueles para quem você existe, te respeitam (tá bom, tem exceções, mas estou num mau dia, ok?). O poder público? Quer mais é que você desapareça, quanto menos professores, maior a ignorância e mais fácil de deitar e rolar nas nossas cabeças.</span></div>
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<span class="s1">Por aqui teve um governo que investiu na ciência. Os laboratórios foram reformados (no meu tem até acessibilidade - se um cadeirante quiser trabalhar lá ele pode ir, tem até bancada feita especialmente e espaço para locomoção), teve dinheiro pra pesquisa. Até me senti no primeiro mundo. Quando a coisa começou a engrenar… Trocaram o governo. Qual foi uma das primeiras medidas? Fundir o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (até parece coisa de país desenvolvido) com o de Comunicações, aquele que também cuida de televisão (aquela que faz propaganda pro governo pra ele fingir que não é golpista). Aí o laboratório está pronto, lindinho, equipado e sem grana pra funcionar… Pensei em fazer um museu, para levar os alunos (inclusive os cadeirantes) para visitar onde seria um laboratório de pesquisa em evolução. Eu diria, emocionada, que naquele pequeno laboratório eu formaria um montão de gente para tentar compreender como se dá a diversidade biológica no Brasil, porque nos trópicos tem mais espécies que nas áreas temperadas, o que faz com que duas espécies se diferenciem, qual o papel das bactérias nesse processo etc etc etc…<span class="Apple-converted-space"> </span></span></div>
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<span class="s1">Mas por aqui também tem gente guerreira, e eu conheço uma pá bem cheia delas</span></div>
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<span class="s1">Então não adianta nada isso de querer acabar com tudo. Comigo não. Estou na resistência. Escolhi este caminho e agora não há quem me tire dele. Se eu não conseguir fazer pesquisa em genética com os meus próprios dados porque não tenho dinheiro para gerar, faço com os dados que estão disponíveis na internet. Não há nada de errado em responder novas perguntas juntando dados pré-obtidos e que responderam a outras questões. Se ainda assim ficar difícil, vou me dedicar aos meus alunos mais do que nunca, vão ter que me demitir para parar de me ouvir misturando biologia, genética e evolução com história, geografia e política. Vou sair da universidade também, vou invadir a comunidade da cidade, dar um jeito de entrar nas escolas. Vou divulgar ciência para as crianças. Não há melhor maneira de estimular o raciocínio que pensando em ciência.</span></div>
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<span class="s1">Agora decidi que quero um Brasil melhor para a próxima geração. Eu cresci no país do futuro (também da pizza, no mal sentido; do trambique, do jeitinho), conheci e ouvi falar de muita gente que lutou para que a próxima geração (a minha) fosse feliz. Quando entrei na a vida adulta, tive a impressão de que eu começara a viver no país do presente, e que tudo estava na direção correta. O que era bom durou pouco. O país do futuro tem que continuar eternamente sendo o país do futuro e nos agarramos nessa esperança como o miserável que sabe que vai para o céu e que seus algozes vão para o inferno. O país do futuro, na prática, voltou para o mapa da fome e eu aqui reclamando que não tem dinheiro pra pesquisa… Devo ser uma idiota mesmo.</span></div>
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<br />
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<span class="s1">Não importa, uma vez idiota, sempre idiota. Vou continuar tentando fazer pesquisa, e pior, formando pesquisadores. Enquanto eu me aguentar financeiramente coloco meu dinheiro no laboratório sempre que for necessário. Quero gente que pensa do meu lado, quero gente que continue pensando depois que já não estiver do meu lado, e que estimule mais gente a pensar. Quero crianças pensantes na minha comunidade e nas comunidades em volta. Quero que a próxima geração tenha fome de saber e que saiba onde nasceu, pra romper com esta sina maldita. Quero que esta gente que vem depois saiba que estamos na América Latina e que sempre que tentamos levantar a cabeça vêm de fora e nos esmagam (com a ajuda de muita gente aqui de dentro, diga-se de passagem). Quero que as crianças conheçam a nossa história e vejam que sempre foi assim, mas que não precisa ser e que não queremos que continue sendo.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></div>
Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-89537718020831232752017-08-06T09:17:00.001-03:002017-08-06T09:17:41.950-03:00A América Latina, a Escravidão e Cotas nas Universidades _ O que aprendi nos últimos 10 anos<div class="p1">
<span class="s1">Meu abandonado blog fez dez anos outro dia e eu nem me lembrei… Who cares? Pois é, nem eu! Mesmo assim, como me lembrei dele, comecei a ler os posts de 2007. Eu era recém contratada na UFV, estava super feliz porque finalmente tinha um salário decente e alguma estabilidade financeira. Estava feliz também por causa dos alunos, estava confusa por causa do novo sistema de cotas e relativamente satisfeita com os rumos que o Brasil estava tomando.</span></div>
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<span class="s1">Eu não tinha opinião formada sobre cotas nas universidades, que cheguei a pensar que fossem uma espécie de racismo às avessas. Hoje me sinto muito idiota por ter pensado assim e muito mais capaz de entender porque as cotas são tão importantes.</span></div>
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<span class="s1">Foi pura ignorância, ou melhor dito, fruto de não querer enxergar e enfrentar a realidade. Acho que ao ficar mais velha (10 anos mais velha), além de ler mais e conhecer mais gente, adquiri um outro olhar sobre o tempo (a categoria “ano" significa cada vez menos para a minha existência, coisa de gente velha). Ainda hoje, conversando com um amigo no FB, ele me falou de uma conta cabalística que ele fez (ou ouviu de alguém): 400/128 = 3,125. Oi? Não entendi nada. Aí ele me explicou: “nosso país tem 400 anos de tráfico de escravos e 128 de libertação dos escravos".</span></div>
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<span class="s1">O número também me perturbou. Não o número cabalístico, mas os 128 anos. Contando em gerações, são apenas 5. Há cinco gerações os negros foram abandonados nas estradas do Brasil pra se virar. Sem terras, sem ajuda financeira, sem o que coerm, pra onde ir ou voltar. Antes disso eram escravos, tinham que se submeter aos seus senhores. Foram arrancados da África para trabalhar na América Latina, foram primeiramente os responsáveis pelas "minas de açúcar" que a região produzia, minando a fertilidade das nossas terras e sua própria dignidade. Nem seus sobrenomes puderam manter. Hoje os negros carregam os sobrenomes de seus senhores, não podem sequer rastrear seus antepassados como o fazem tão orgulhosamente os descendentes de italianos e alemães por aqui (curiosamente os descendentes de portugueses não estão muito interessados em sua origem, por que será?).</span></div>
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<span class="s1">Esse número me pegou em plena leitura do Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano. Estou convencida de que todo latino americano tem que ler este livro, pra entender decentemente sua história, que não é nada glamurosa apesar de ter tido momentos épicos de crescimento e desenvolvimento, que foram devidamente solapados pelas coroas que estavam no comando em cada momento. Comecei a entender porque estudar história é tão importante sempre, mas especialmente crítico no momento que estamos enfrentando no Brasil. Sempre pensei assim, mas só pensava e nunca me mexi para aprender história. Estive sempre envolvida com textos científicos da minha área e antes disso com ficção científica. É tudo muito legal, faz os neurônios funcionarem, mas história é fundamental para não fazer papel de palhaça!</span></div>
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<span class="s1">Bom, voltando para os escravos e a América Latina. Fazendo um resumo bem chinfrim, condenável por qualquer leitor mais atendo e um verdadeiro sacrilégio para alguém que realmente estudou história, a América Latina tinha seus nativos: em realidade um povo que aportou aqui entre 14 e 10 mil anos atrás, provavelmente vindo da Ásia. Há quem diga que antes deles viveram nessas terras povos negróides, e que isso teria acontecido até cerca de 20 mil anos. Apesar de termos registros destas pessoas, não temos evidência de que tenham sobrevivido até a chegada dos asiáticos, mas isso é outra história.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></div>
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<span class="s1">Estes povos que aqui estavam, que em seu conjunto foram chamados de índios (o que é uma estupidez relacionada ao fato de que os conquistadores acharam _ ou fingiram que acharam_ que tinham chegado às Índias), tinham cultura, costumes e religiões particulares, que foram solenemente ignorados pelos conquistadores. Estes povos foram sistematicamente exterminados até sobrarem bravos representantes que estão por aqui até hoje, para maldição dos grandes latifundiários (ou seriam senhores feudais?).</span></div>
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<span class="s1">Bom, na América espanhola, os habitantes tinham construído impérios, dominavam construção de monumentos, diques, tinham plantações, tinham reis, sabiam matemática e astronomia. Eles conheciam o zero! Estes povos foram dizimados em batalhas e por doenças, tudo para que os espanhóis pudessem levar todo o ouro e prata que encontrassem (nos objetos sagrados ou nas minas, nas quais escravizaram os locais para que os metais preciosos fossem extraídos). O mais irônico desta parte da história foi que a Espanha nem enriqueceu com estas riquezas, que foram quase que inteiramente consumidas nas cruzadas que o rei CarlosV (do império austríaco) resolveu fazer pela Europa.</span></div>
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<span class="s1">Falando em Europa, eles estavam saindo do feudalismo e embarcando no capitalismo. O ouro e a prata retirados da América Latina financiaram o início da revolução industrial na Europa. Como nada é eterno, o ouro acabou. Mas não tem problema, estas terras ainda tinham muito o que dar para a Europa, afinal, eles acharam o território, que portanto lhes pertencia, certo?</span></div>
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<span class="s1">Enquanto para a Espanha foi fácil achar ouro e escravizar os moradores locais, os portugueses tiveram um pouco mais de dificuldade. É que os nativos do Brasil não estavam muito interessados em ouro e trabalhavam para subsistência (caça, pesca e uns poucos cultivos). No resto do tempo, eles faziam rituais, cantavam, educavam seus filhos, enfim, viviam… Isso lhes rendeu a alcunha de preguiçosos e os portugueses perceberam que era mais fácil exterminá-los do que tentar escravizá-los. Bom, aí começou a história de plantar cana por aqui. Açúcar era uma iguaria na Europa. Os ricos e famosos consumiam açúcar como sinal de ostentação, mais ou menos como trocar de carro ou de I-phone todo ano agora (você já parou para pensar que os ricos sempre ostentam o que é produzido por pobres e miseráveis em outra parte do mundo?).</span></div>
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<span class="s1">E dá-lhe derrubar florestas para dar espaço às plantações e madeira para construir os engenhos e alimentar o fogo. Boa parte da Mata Atlântica nordestina foi literalmente queimada pelos engenhos de açúcar (madeira de lei para alimentar as caldeiras, simplesmente brilhante!). Mas não foi só isso. Eles precisavam de mão de obra para fazer o serviço. O que fizeram? Contrataram gente que estava sem trabalho na Europa e deram vida digna e condições de trabalho decentes? Claro que não. Era muito mais barato pegar um navio, ir até a África, capturar pessoas, colocá-las nos navios e transportá-las para o Novo Mundo. As condições de transporte eram as piores possíveis. Além de serem arrancados de casa, eram colocados em navios imundos para uma viagem sem volta para um lugar novo onde coisas bem piores os esperavam. Muitos morreram no caminho e apenas os mais fortes tiveram a sorte de sobreviver para serem tratados como animais por seus donos. Estes que aqui chegaram fizeram do Nordeste Brasileiro a região mais rica do planeta por alguns míseros anos. Como diz Galeano, não exatamente com estas palavras, “quanto mais cobiçado o recurso (no caso o açúcar), maior a desgraça que causou na América Latina”.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></div>
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<span class="s1">Depois de algum tempo sendo arruinadas com a monocultura do açúcar, as terras litorâneas do Nordeste se exauriram. Foi quando descobriram o ouro nas Minas Gerais e os esforços da Coroa se deslocaram pra lá. Consequentemente, os escravos deveriam ser enviados para o porto do Rio de Janeiro, para depois irem para as minas, trabalhar em condições sub-humanas para retirar todo o ouro que pudessem para que Portugal pudesse crescer (ou pagar as dívidas com outros países, como por exemplo a Inglaterra - que estava em pleno desenvolvimento da revolução industrial, mas eu já falei disso…). A Inglaterra passou também a controlar o comércio de escravos para a América, que antes era controlado pela Holanda. Não sei bem como isso se deu, mas boa parte do ouro retirado do Brasil ia parar nas mãos dos ingleses, que além de vender os escravos ainda os vestia (até a roupa dos escravos era importada da Inglaterra pelos portugueses).<span class="Apple-converted-space"> </span></span></div>
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<span class="s1">Muita água ainda passou por debaixo das muitas pontes que os Negros levantaram no Brasil, mas o fato é que um dia a Inglaterra decidiu que a escravidão era imoral e que os Portugueses ("esses porcos imundos”) tinham que acabar com isso. Paralelamente tínhamos movimentos abolicionistas no Brasil e tudo acabou com a assinatura da nossa última Princesa. E todos foram felizes para sempre, certo? Errado. A escravidão acabou mas a sub-humanidade dos negros persistiu. Comece a contar os últimos 128 anos. Sem ter onde dormir ou o que comer, acabaram marginalizados. Coincidência ou não (não acredito em coincidências), começaram os estudos eugênicos na Europa. Raça superior, pessoas melhores que outras, medidas, estatística, genética… A superioridade era dada por medidas, como por exemplo, o tom de pele. Não demorou muito pra moda chegar no Brasil. Os negros já estavam à margem, vivendo mal, comendo mal, cheirando mal, muitas vezes tendo que recorrer a furtos para sobreviver. Os europeus, que também cheiravam mal mas eram lindos, legais, inteligentes e éticos, decidiram que negros eram inferiores pelo tom de pele. Era a desculpa que os ex-senhores de escravos precisavam para mantê-los à margem (bem como o resto da sociedade, branca, limpinha e pseudo-esclarecida). Hoje ainda escuto o discurso de que o negros são pobres porque não trabalham, porque não dão duro (sei lá o que isso significa), porque são preguiçosos… Será mesmo? Aí vem uma boçal dizer que “não tem certeza de que as cotas nas universidades são boas" - eu mesma, num post de de 2007. Tem que ser muito ignorante e ter tido uma vida muito boa mesmo para pensar que racismo não existia no Brasil antes das cotas. Isso é uma herança cultural, que temos que tomar consciência de que está errada antes tarde do que mais tarde.</span></div>
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<span class="s1">Dez anos se passaram e eu vi a diversidade de cores aumentar nas salas de aula. Os alunos negros, como os demais alunos, são bastante diversos em termos de personalidade e rendimento escolar: alguns são tímidos, outros extrovertidos, alguns têm alto rendimento, outros baixo, a maioria está na média, exatamente a mesma média dos outros alunos. Tentei ver diferenças entre negros e brancos e não achei. Em alguns momentos quis provar que os negros eram melhores. Fracassei, não há mesmo diferença entre os alunos. São todos jovens começando a vida adulta que querem um lugar ao sol. Alguns deles se aproximaram de mim. Tive a oportunidade de conhecê-los melhor, entender sua origem, aprender milhares de coisas com eles. Ganhei uma grande admiração por pessoas que lutaram muito, muito mais que eu, pra entrar na universidade, apesar de muita gente dizer que as cotas facilitaram pra eles. Isso é mentira, as cotas não facilitaram, apenas tornaram possível o que para muitos deles era inimaginável. Para estudantes brancos de classe média, essa possibilidade sempre existiu, porque nasceram bem, comeram bem e estudaram bem. O que ninguém pensa é que todo este privilégio é fruto de uma história que contém trabalho duro e dedicação à acumulação de riquezas (disso todos se orgulham), além a exploração de escravos negros, num passado não muito distante (disso ninguém quer lembrar).</span></div>
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<span class="s1">Indo um pouco pra Europa, que tive a oportunidade de conhecer recentemente: história preservada, monumentos espetaculares de mais de 1000 anos, tudo muito lindo! Gente esclarecida, que respeita as diferenças (pelo menos onde estou isso é bem visível), "muito diferente destes latino-americanos que vivem na barbárie". É fácil demais cair nesta armadilha se você ignorar a nossa história. Será que a Europa teria conseguido manter seus monumentos se não fossem as riquezas arrancadas da América Latina, manchadas de sangue dos índios e negros? Pode parecer que os monumentos se mantêm em pé por obra de deus, mas isso custa uma grana astronômica. Sem falar nos que foram reconstruídos por aqui. Será que eles teriam este grau de riqueza e civilização que têm hoje sem todo o ouro, prata, açúcar, café e outras coisas que tiraram de nós até bem recentemente?</span></div>
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<span class="s1">Voltando pro Brasil e para a série infinita (ou seria parte de uma série periódica?) de retrocessos que estamos enfrentando com o governo que se infiltrou no Planalto, e de lá não sai, fico na dúvida se as cotas vão continuar existindo. Em 10 anos não dá pra mudar o país nem sua forma de pensar. Precisamos de mais tempo. Essa política de desconstrução de tudo o que avançamos está nos jogando para o abismo do passado e mantendo a América Latina onde sempre esteve: aos pés dos países mais desenvolvidos (aqueles que se desenvolveram às nossas custas).</span></div>
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<span class="s1">Precisamos lutar, com unhas e dentes, para não perder tudo o que foi conquistado. Minha única esperança são os jovens. Se alguém pode reverter alguma coisa, são eles.</span></div>
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<br />
<div class="p1">
<span class="s1">Agora chega porque o post está enorme e provavelmente ninguém vai ler. Vou publicar só para registrar e saber o que eu estava pensando agora daqui a 10 anos, mais velha, mais ranzinza e com sorte, um pouco menos ignorante.</span></div>
Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-28072704406821815972016-10-09T16:58:00.003-03:002016-10-09T17:01:21.472-03:00Regabofe às nossas custas para tirar nossos direitos<span style="font-size: large;">Ok, eu estou revoltada com a PEC 241, e o que estou fazendo? Descrevendo a minha revolta no FB e aqui no blog. O que mais poderia fazer? </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Como professora universitária, muito pouco, o que dá pra fazer é protestar contra esse governo golpista onde posso, para deixar bem clara a minha posição e talvez convencer a mais gente que o golpe foi um mal negócio e que o povo precisa se mexer para evitar que os danos sejam ainda maiores.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Fico pensando de que adianta… A imagem do PT ficou tão suja nos últimos tempos que o povo acreditou que o partido inventou a corrupção e que a fez evoluir, a ponto de ter exaurido os cofres públicos e que a única maneira de ajeitar a situação é fazendo todo mundo pagar (leia todo mundo apenas a maioria da população, aquela que depende de saúde e educação pública, sem falar de programas sociais). Cada resvalo do PT foi anunciado, re-anunciado, aquecido, re-aquecido, comentado e criticado à exaustão. Li o último livro do Umberto Eco (Número Zero, recomendo fortemente) e entendi como se faz, foi bem didático. Vou tentar explicar para quem tiver paciência. Se você, jornalista, quer acabar com a moral de uma pessoa, organização, religião ou partido, basta que tenha sempre notícias ruins sobre o seu alvo. Não importa se a notícia não foi exatamente investigada por você ou sua equipe, alguém falou, você reproduz, depois pede desculpas se for o caso de ser mentira (claro que com menor visibilidade que a acusação). Se tiver um escândalo de corrupção, você fala dele. Para não dar muito na cara, você fala de todos os políticos envolvidos, mas só menciona a sigla partidária do partido que quer detonar. Se houverem escândalos nos quais o tal partido não esteja envolvido, dê um jeito de citar a sigla em qualquer contexto, por exemplo, na cidade X, do estado Y, governado pelo PT, os vereadores (sem sigla) desviaram milhões de reais da câmara municipal. Aí, você que mora na cidade ou conhece alguém que mora lá, relacionou qual partido ao escândalo? Muito bem, o PT!</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Por favor, não me confunda, apesar de ser professora, não tenho provas nem convicção de que todos os professores sejam honestos. O mesmo funciona para o PT: apesar de eu ser simpatizante e não esconder isso de ninguém, não tenho provas nem convicção de que todos os filiados e simpatizantes sejam honestos. Em ambos os casos já tive notícias de mal feitos. Nem por isso acho que ser professora ou simpatizante de determinado partido fazem de mim alguém que tende a fazer o mesmo tipo de coisa. A partir do momento em que há pessoas (enquanto espécimes de<i> Homo sapiens</i>) envolvidas, há problemas, erros e malfeitos. Não é por isso que eu tenho que largar minha profissão ou minha ideologia.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Leio muito sobre cognição e sobre as novas descobertas sobre o funcionamento do cérebro humano. Há estudos que sugerem que nosso cérebro sofre de um mal conhecido como “viés de disponibilidade”. Se você ouve a notícia de um mesmo assalto ou estupro em uma dada região da cidade repetida 20 vezes, seu cérebro não consegue distinguir entre 20 estupros e 20 vezes a notícia de um estupro, de modo que você passa a evitar aquela região, simplesmente pela repetição da notícia. Se os meios de comunicação divulgam 1000 vezes os 10 mal feitos de um determinado partido (no caso do PT) e noticiam apenas uma vez os 1000 malfeitos de outro, qual dos dois será mais corrupto na sua cabeça? Acertou quem chutou o mais noticiado. Não é que eles estejam te escondendo coisas (tenho convicção disso, mas como não tenho provas, prefiro não argumentar), é que eles escolhem o que você vai ouvir mais e te levam ao erro. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Mas voltemos ao que eu queria dizer desde o começo, eu queria falar da PEC 241. Está circulando o FB a notícia de que o golpista mor da nação vai oferecer uma festinha, um <a href="http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/10/temer-oferece-jantar-deputados-no-alvorada-para-pedir-apoio-pec.html" target="_blank">regabofe</a> com comes e bebes (tudo do bom e do melhor) para nada menos que 400 deputados e respectivos agregados (esposas, filhos, assessores…). Esse jantar, a ser dado hoje, 09/10, tem como objetivo convencer os parlamentares a votar A FAVOR da PEC 241.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Eu fiquei pensando que hoje (e só hoje), eu queria ter outra profissão. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Eu queria ser deputada, para ser convidada e ter o prazer inenarrável de declinar do convite, só porque já me decidi contra essa atrocidade. Aliás, confio e tenho convicção de que minha deputada não vai à tal festinha…</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Eu queria ser cozinheira do palácio (aliás, é o Jaburu ou a família real já foi <a href="http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2016/09/27/familia-temer-vai-se-mudar-para-o-palacio-da-alvorada.htm" target="_blank">transferida</a> de mala, cuia e servidores para o Alvorada?). Se eu fosse cozinheira, provocaria problemas intestinais históricos na corja toda, só pra me divertir.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Eu queria trabalhar na manutenção dos banheiros do palácio. Assim, ao saber do problema intestinal destinado aos nobres convidados, daria um jeito de todos os banheiros estarem entupidos na hora da correria visceral. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Eu queria também ser garçonete, só pra assistir de camarote ao enredo e poder sair a tempo de não ter meus pés sujos de excremento, há como eu queria assistir…</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Eu também queria ser manobrista. Deixaria todos os carros presos uns aos outros no estacionamento do palácio. Assim, no auge da dor abdominal, as pessoas ficariam presas no estacionamento, e a obra toda teria que ser feita ali, nos jardins do palácio.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Sem acesso ao palácio, eu queria estar em Brasília, para organizar um manifesto em frente à festa. Talvez impedindo a passagem dos carros e fotografando o lindo rostinho de cada parlamentar que tenha se dado ao desfrute de aparecer.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Sem acesso a Brasília, eu queria ser Marcela do País das Maravilhas, ou Marcela Adormecida, que, ao perceber o naipe do sapo que beijou, saísse do palácio, com Michelzinho e tudo para ensinar pro guri o que é ter dignidade, ainda que tardia.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Sem ser primeira-dama, manobrista, garçonete, encanadora ou cozinheira do Palácio (que nem sei qual é o atual, muito confuso isso tudo!) ou deputada, fico aqui mesmo, no meu sofá, desde o umbigo do mundo (é assim que vejo Viçosa, cercada pelas montanhas de Minas), escrevendo absurdos para ver se com esse tipo de linguagem consigo convencer mais alguém de que sofremos um golpe e que os que se apossaram do governo querem mais é que o povo tenha um bom dia (para inaugurar um eufemismo). A cara de pau é tão grande que oferecem uma festa milionária (há quem diga que custará mais de <a href="http://www.midiapopular.net/news/banquete-para-400-deputados-ofertado-por-temer-pode-ultrapassar-r-30-milhoes-de-reais-dizem-especialistas/" target="_blank">30 milhões de reais</a> aos cofres públicos) para convencer os deputados (representantes legítimos do povo) a ECONOMIZAR… </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Bom dia pra todos nós, quando nos dermos conta de como foi a votação amanhã.</span>Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-6282904933247411292016-05-24T19:18:00.001-03:002016-05-24T19:25:18.047-03:00Medidas de Economia ou Temerosas transações?<div class="Body">
<span style="font-size: 13.0pt;">Depois de 16 meses de mandato
moribundo, a presidenta Dilma Roussef foi afastada por 180 dias de seu mandato,
por motivos questionáveis e por obra de congressistas no mínimo suspeitos. O problema
fundamental nesse processo foram os motivos alegados. Daqui pra frente qualquer
governo legitimamente eleito pode ser retirado do poder, basta que a maioria do
parlamento assim o decida. Não fosse assim, pelo menos 16 governadores também
deveriam ser impedidos e incontáveis outros políticos do executivo deveriam ser
investigados e indiciados, incluindo o próprio relator do impeachment no
Senado, o ex-governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB). Conforme <a href="http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/05/1774018-em-dialogos-gravados-juca-fala-em-pacto-para-deter-avanco-da-lava-jato.shtml" target="_blank">audio</a>
divulgado ontem pela Folha de São Paulo,
o processo foi deflagrado para impedir a continuidade das investigações da
Operação Lava-Jato, conduzida pela Polícia Federal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Body">
<br /></div>
<div class="Body">
<span style="font-size: 13.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Com
ou sem o aval da maioria da população, o afastamento é fato e Michel Temer
assumiu interinamente (é bom que se diga) o governo. Como primeiro ato, talvez
para impressionar os descontentes com a corrupção, reduziu o número de
ministérios. Esse ato é muito mais político do que uma medida efetiva de
economia: ele mostra à população que o governo não está disposto a gastar
o<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>dinheiro da união com funcionários
públicos. Na prática não é bem assim, os concursados continuam e muitas vezes são colocados em funções para as quais não têm competência ou simplesmente ficam encostados. A massa aplaude!<o:p></o:p></span></div>
<div class="Body">
<br /></div>
<div class="Body">
<span style="font-size: 13.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Para reduzir o número de ministérios e ficar bem na foto, o interino propôs algumas junções espúrias e outras indesejáveis. O
Ministério da Cultura foi unido ao da Educação. Os artistas se rebelaram, fizeram manifestações nas ruas e na internet e conseguiram reverter o processo. Ponto para eles e um sinal claro para os demais descontentes: é possível reverter medidas que não agradem, o interino não é forte a ponto de manter medidas impopulares. A junção
que mais me preocupa enquanto pesquisadora é a do Ministério de Ciência,
Tecnologia e Inovação com o Ministério das Comunicações. A comunidade
científica reagiu, mas anteriormente, contra a possível indicação de um pastor
licenciado da Igreja Universal. Se não foi uma jogada de mestre, foi um golpe (ops! desculpe a palavra) de sorte, o que não parece verossímil. O fato é que o susto do primeiro anúncio
foi tão grande que a fusão com as Comunicações pareceu um alívio. Como diria um aluno meu, "o interino colocou um bode muito fedorento na sala, quando tirou, parece que o mundo ficou melhor!".<o:p></o:p></span></div>
<div class="Body">
<br /></div>
<div class="Body">
<span style="font-size: 13.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> O bode saiu, mas o que veio depois não deveria ser um alívio. </span>Acho que esse tipo de medida visa desvalorizar a
atividade científica. Isso é no mínimo temerário. Nos últimos 500 anos temos
sido produtores de matéria prima e consumidores de produtos elaborados, em
todas as áreas. Com um pouco mais de ciência e tecnologia, poderíamos
ambicionar ser mais que uma república de bananas, mas essa não parece ser a
vontade dos políticos que tomaram o poder. Ciência é uma atividade cara, que
além de tudo não produz resultados imediatos… <o:p></o:p></span></div>
<div class="Body">
<br /></div>
<div class="Body">
<span style="font-size: 13.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Além
disso, desvalorizando a atividade científica, o ensino superior, especialmente
nas universidades públicas, também sai perdendo. Isso, por sua vez derruba a
qualidade do ensino médio e fundamental, numa cascata que a longo prazo só fará
mal para a educação no país.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Body">
<br /></div>
<div class="Body">
<span style="font-size: 13.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>É
qualitativamente diferente ter como professores agentes de produção ou simples
repetidores de conhecimento. Na minha área esse fator é nítido. Uma aula de
evolução com exemplos locais é muito mais interessante que uma aula baseada em
exemplos do norte da Noruega com organismos que mal consigo traduzir o
nome. Outros ambientes, outros padrões, outros processos evolutivos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Body">
<br /></div>
<div class="Body">
<span style="font-size: 13.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Hoje
vejo ex-alunos meus que tiveram a oportunidade de se aprimorar no exterior (no
tão criticado Ciência Sem Fronteiras) e que voltaram com vontade e capacidade
de estudar a nossa biodiversidade. Essa moçada tem publicações em revistas de
real impacto (Nature, Science), projetando o Brasil no mapa da biodiversidade não
só como fornecedor de espécimes, como éramos há bem pouco tempo, mas como
produtor de conhecimento. Parece ufanismo de minha parte, mas é muito
complicado tentar elucidar padrões e processos evolutivos neotropicais partindo
de exemplos de regiões temperadas. Estamos num crescente de geração de bons
trabalhos e bons pesquisadores. Se os investimentos em Ciência e Tecnologia
forem cortados por um período muito grande (digamos mais dois anos), nosso
crescimento será momentâneo e o investimento terá sido em vão: voltaremos ao
status de meros consumidores de conhecimento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Body">
<br /></div>
<div class="Body">
<span style="font-size: 13.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>É
bem verdade que a crise que o Brasil enfrenta se fez muito clara para a
comunidade científica. Os cortes no orçamento foram enormes, mas eu ainda
guardava a esperança de que fosse um momento ruim, que passaria após a
recuperação econômica. Essa esperança se baseava nos investimentos feitos
anteriormente pelos governos petistas, que ampliaram (em muito) o aporte de
verba para ciência e tecnologia. Depois da posse interina de Temer, e sob ameaça
de posse definitiva, já não tenho esperanças (espero estar errada).<o:p></o:p></span></div>
<div class="Body">
<br /></div>
<div class="Body">
<span style="font-size: 13.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Voltando
à junção dos Ministérios, a Academia Brasileira de Ciências publicou um
<a href="http://www.abc.org.br/IMG/pdf/doc-6855.pdf" target="_blank">documento</a></span><span style="font-size: 13.0pt;"> explicando que o Ministério de Ciência Tecnologia e
Inovação tem missões muito diferentes do Ministério das Comunicações. No
primeiro há projetos em diferentes âmbitos, que são propostos e julgados pela
comunidade acadêmica, que tem seus próprios critérios de mérito. No segundo,
que envolve empresas de rádio, TV, imprensa escrita, internet, correios etc, há
concessões políticas e o envolvimento de grupos multimilionários. Claramente as
duas coisas não são complementares nem compatíveis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Body">
<br /></div>
<div class="Body">
<span style="font-size: 13.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Quando
penso nessa fusão, imagino o dinheiro entrando no ministério e sendo
redistribuído lá dentro. A distribuição será feita com que critérios? Meio a
meio? Ou pelos critérios de interesse do governo interino? E se o governo
interino se tornar permanente? E se as comunicações forem mais interessantes?
(Alguém duvida que comunicações são mais interessantes que ciência para um
grupo político que tomou o governo e precisa convencer a população de sua
legitimidade?) E se eles acharem que ciência e tecnologia são coisas caras
demais e que o Estado não deveria bancar?<o:p></o:p></span></div>
<div class="Body">
<br /></div>
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<div class="Body">
<span style="font-size: 13.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Penso
que diante dessa fusão a comunidade científica tem que reagir, de forma contundente.
O presidente interino já mostrou que não resiste a protestos. Os artistas
ocuparam o Ministério da Cultura, protestaram, fizeram alarde na internet e
conseguiram reverter a fusão do MinC com o Ministério da Educação. Onde estão
os pesquisadores? E os estudantes de Pós-Graduação? E os de Graduação? Ou nos levantamos agora,
juntos, independentemente de cores partidárias, ou amargaremos um futuro
sombrio, sem grandes esperanças para a ciência brasileira.<o:p></o:p></span></div>
Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-9911913113709430142016-05-20T12:53:00.002-03:002016-05-20T12:55:58.203-03:00Aula avançada de estatística na Câmara dos DeputadosSanta inocência Batman!!!<br />
<br />
Como assim pensar em coincidência e utilizar algum tipo de estatística probabilística? Lendo outras matérias mais tarde, fui informada que o Moura, aquele deputado é o líder do governo na câmara, na verdade são os olhos, ouvidos e boca de Cunha na casa!!!<br />
<br />
Estão dizendo por aí que Eduardo Cunha está com o interino nas mãos (me recuso a escrever o nome do vice), assim como tinha Dilma nas mãos... Procurei entender do que se trata: ao que parece, Cunha tem maioria na Câmara para aprovar ou desaprovar o que ele quiser! Se o interino quiser governar ou aprovar qualquer coisa, tem que passar pela câmara, o que equivale a dizer que tem que passar pelo crivo de Cunha.<br />
<br />
Eu não sei se o jogo está cada vez mais claro ou se as hipóteses são cada vez mais mirabolantes. Tá difícil de acompanhar, mas pelo que entendi já faz bastante tempo que somos reféns desse bandido.<br />
<br />
A pergunta que não quer calar (e já faz algum tempo) é porque Cunha ainda não foi preso? O que Cunha tem contra os ministros do Supremo? Será que além de mandar na Câmara ele também manda no Supremo??? Seria interessante calcular as probabilidades dos diferentes cenários mirabolantes e ver qual das milhares de alternativas seria a melhor.<br />
<br />
A propósito, quando você multiplica as probabilidades de todos os fatores envolvidos e tem um resultado final (na esmagadora maioria das vezes números minúsculos, já que você multiplica probabilidades, como vimos na primeira <a href="http://aulaluni.blogspot.com.br/2016/05/aulinha-de-estatistica-na-camara-dos.html" target="_blank">aula</a>), você está calculando a verossimilhança do cenário. Basta então comparar as verossimilhanças de cenários diferentes e ver qual mais se ajusta ao que estamos vivendo. Ainda vou sentar e tentar brincar com os números, mas fica o conceito.<br />
<br />
Para os iniciados, poderíamos juntar todos fatores (proporção de deputados que estão nas mãos de Cunha, proporção de senadores, juízes e membros do executivo na mesma situação, probabilidade de que alguém o traia e tantos outros parâmetros), chutar valores iniciais para a importância de cada fator e rodar uma Cadeia de Markov com milhões de gerações para tentar encontrar cenários mais prováveis e definir melhor quem são os principais agentes dessa situação surreal. Acho que o que estou propondo é até um desrespeito com o Reverendo Bayes, mas sinto muito, minha cabeça não funciona de outro jeito!<br />
<br />
<br />Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-35613345497887988232016-05-19T12:27:00.001-03:002016-05-19T12:27:22.969-03:00Aulinha de estatística na Câmara dos Deputados<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/ifnGg2CUFU0/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/ifnGg2CUFU0?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<br />
<br />
Circulando nas redes sociais, só pra tentar ficar por dentro do que está rolando em Brasília, dei de cara com esse vídeo de Ricardo Boeachat. Confesso que às vezes amo o que ele diz e às vezes nem tanto, mas o vídeo de hoje dá uma bela aula de estatística.<br />
<br />
Explicando melhor: por que será que o interino escolheu André Moura como líder do governo na Câmara? A pergunta que não quer calar é: "Não tinha nenhum deputado que fosse melhorzinho"?<br />
<br />
No vídeo (assista para saber do que estou falando), Boechat se pergunta se é apenas coincidência que um deputado, da tropa de choque de Cunha, investigado por homicídio, indiciado na lava jato e réu em três processos no Supremo foi o escolhido.<br />
<br />
Coincidência? Com um pouquinho de estatística, posso sugerir que não.<br />
<br />
Boeachat tenta "aliviar" Moura dizendo que ok, metade da Câmara é da tropa de choque de Cunha. Eu sou um pouco mais pessimista e acho que pelo menos 3/4 da Câmara fazem parte dessa tropa, mas você pode fazer as contas com as duas possibilidades.<br />
<br />
Ele continua dizendo que o deputado é só suspeito de homicídio, ok, ainda não foi condenado, mas Boechat pergunta ao cidadão, quantos brasileiros são suspeitos de homicídio? Indo só para o universo da Câmara, quantos deputados são suspeitos de um crime como esse? Como não tenho os dados, chutei 1% (é muito, se você quiser pode baixar essa frequência, não tem problema).<br />
<br />
O próximo item: Moura é investigado na Lava-Jato. Mas "Boechat, larga de ser chato, a Lava-Jato foi criada por Moro para perseguir os políticos, a grande maioria está envolvida". Pois bem, coloquemos a grande maioria, pode ser 4/5 dos deputados? Mais uma vez, se você quiser colocar mais ou menos, fique à vontade...<br />
<br />
Tem mais, Moura é réu em três processos no Supremo. Ok de novo, só é réu, não foi condenado. Mas pense bem, quantos deputados são réus em um processo no Supremo? Sendo bem exagerada, poderia pensar em 1/3 dos deputados réus em um processo. Com isso, a probabilidade de ser réu no supremo tem que ser elevada ao cubo (probabilidade de ser réu em um processo, vezes a probabilidade de ser réu em um segundo, vezes a probabilidade de ser réu em um terceiro).<br />
<br />
Vamos para o fechamento da aula de estatística... Qual a probabilidade de ser coincidência que Moura seja da tropa de Cunha, indiciado por homicídio, citado na Lava-Jato e réu em três processos no supremo?<br />
<br />
<br />
P(coincidência) = 0,75 x 0,01 x 0,8 x 0,33 x 0,33 x 0,33 = 0,0002<br />
<br />
Isso significa que apenas 1 em cada 4.500 deputados exibiriam, sendo inocente, toda essa série de atributos juntos. Como a Câmara não tem tal número de Deputados (só tem 513 como aprendi da fatídica votação do dia 17 de abril), fica a impressão de que Moura foi escolhido apesar disso tudo por falta de opção por parte do interino (ninguém com um pouco mais de credibilidade aceitaria?) ou pior, que foi escolhido por causa disso tudo (o que me parece mais provável, já que acho que muitos deputados ficariam felizes com o cargo).<br />
<br />
Deixo com você a segunda parte da aula de estatística: qual a probabilidade de um deputado com tantas suspeitas nas costas ser alguém digno de confiança? Mais importante ainda, digno da confiança de quem? Pense nisso!Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-24021361017007689832016-05-06T12:12:00.000-03:002016-05-06T12:12:04.157-03:00Estudantes que brigam para estudar!!!Hoje vi de novo esse vídeo incrível no youtube:<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/q4-SE_tJ4OM/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/q4-SE_tJ4OM?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<br />
<br />
Me deu uma esperança de dias melhores, com uma geração mais atenta, com mais vontade de aprender. Como diz a canção: <span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">"Pra ter escolha tem que ter escola, ninguém quer esmola, isso ninguém pode negar".</span><br />
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"><a href="https://www.facebook.com/naofechemminhaescola/videos/1540779099550385/" target="_blank">https://www.facebook.com/naofechemminhaescola/videos/1540779099550385/</a></span><br />
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"><br /></span>
<span style="color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif;"><span style="background-color: white; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">Gostaria que os estudantes universitários entendessem essa luta e entrassem nela também!!! Que maravilhoso seria construir uma geração consciente, atenta e com conhecimento para fazer um Brasil melhor, pra todo mundo!</span></span><br />
<span style="color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif;"><span style="background-color: white; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"><br /></span></span>
<span style="color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif;"><span style="background-color: white; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">Eu quero o futuro do Brasil, o futuro da ciência e luto pela formação de novos cientistas, com capacidade, vontade e perseverança (porque não adianta só falar mal e sair na primeira oportunidade) de colocar o Brasil no mapa da boa ciência mundial.</span></span>Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-34351693029752572632015-12-26T22:40:00.001-02:002015-12-26T23:14:23.839-02:00detalhes da deglutição de um anuro (ou, como engolir um sapo)<br />
Imagine um sapo bem grande, daqueles que assustam só de olhar... Sim, mesmo sendo bióloga, eu chamo mesmo de sapo e não penso em toda a classificação: Eukaryota<span style="background-color: white;">, </span>Opisthokonta<span style="background-color: white;">, </span>Metazoa<span style="background-color: white;">, </span>Eumetazoa,<span style="background-color: white;"> </span>Bilateria,<span style="background-color: white;"> </span>Deuterostomia,<span style="background-color: white;"> </span>Chordata,<span style="background-color: white;"> </span>Craniata,<span style="background-color: white;"> </span>Vertebrata,<span style="background-color: white;"> </span>Gnathostomata,<span style="background-color: white;"> </span>Teleostomi,<span style="background-color: white;"> </span>Euteleostomi,<span style="background-color: white;"> </span>Sarcopterygii,<span style="background-color: white;"> </span>Dipnotetrapodomorpha,<span style="background-color: white;"> </span>Tetrapoda,<span style="background-color: white;"> </span>Amphibia,<span style="background-color: white;"> </span>Batrachia, Anura. Também não penso no quanto somos parecidos (eu e o sapo), já que de toda essa classificação, somos colocados nos mesmos grupos até Tetrapoda! Isso não vem ao caso agora, o que quero com esse post é descrever detalhes do processo de engolir um sapo dos grandes.<br />
<br />
Você está desprevenido pensando alegremente na sua existência. Acontece algum problema e eis que o sapo pula direto na sua garganta... Ele pensa que você é uma lagoa (aquela em que vive o sapo que não lava o pé) e tenta nadar para dentro de você. Lógico que ele empaca, ele é enorme e a sua garganta é pequena. Aí começa o suplício: o sapo, entalado na sua garganta, com as patas dianteiras tentando descer pelo seu esôfago te dá calafrios, não deixa você dormir, comer ou pensar direito. O sapo faz barulho, arranha o seu esôfago, chuta a sua boca. Não bastasse sua existência, ele faz questão de mostrar que está lá, vivo, verde e incômodo como qualquer outro sapo nesse tipo de situação. (Nessas horas eu entendo porque o psicólogo falou que para mim, o meu problema é o maior problema do mundo... Claro! Ele está dentro da minha garganta e isso faz pequenos os sapos nas gargantas alheias).<br />
<br />
Depois de muito lutar para tirar o sapo de lá, você resolve engolir: ele não vai sair mesmo, é melhor se render no fim das contas. Bom, ele passa vagarosamente pelo seu esôfago, te causando um mal estar indescritível, e cai no seu estômago. Agora suas enzimas digestivas começam a querer atacá-lo, mas ele é forte, a gosma que protege sua pele faz com que ele fique muito tempo no seu estômago sem ser digerido. Como ele continua se mexendo e incomodando, você tem algumas crises de enjôo, vontade de vomitar - talvez vomitando você se livre dele, mas lembre-se, ele é enorme, é melhor digerir do que ter que encarar um sapo no caminho de volta.<br />
<br />
O tempo passa e suas enzimas finalmente atacam a pele do sapo, que de uma hora para a outra não te incomoda mais durante 24 horas por dia, só de vez em quando. A cada mexida do sapo, uma injeção de ácido no seu estômago, mas você já está quase acostumado...<br />
<br />
Depois da longa permanência no estômago, os fragmentos do sapo finalmente passam para o seu intestino. É nesse momento que você absorve alguma coisa boa da terrível experiência... Você pode começar a pensar do ponto de vista do sapo (que só queria pular na lagoa, pois é da natureza dos sapos). Você também pode olhar em volta: há muitas coisas legais na vida: existe comida boa, existem sapos que cantam para se divertir ao invés de pular em boca de gente; existem lagoas, florestas, cachoeiras... Enfim, você descobre, depois de meses tentando digerir um sapão, que a vida é bem maior do que ele e que afinal de contas você tem amigos verdadeiros com os quais pode contar, em qualquer situação.<br />
<br />
A partir daqui, o resto da história é desnecessário, já que todo mundo sabe o que acontece com os restos de uma comida indigesta. Surge uma sensação de leveza, que já foi substituída com distinção e louvor pela comida da mamãe.<br />
<br />
Eu queria terminar o texto de um jeito legal, com uma mensagem edificante de fim de ano, só para marcar o período... Pensei em algumas, e as que consegui escrever sugeriam que você engolisse os seus sapos o mais rápido possível. Besteira! A digestão é muito lenta pra ser saudável e ninguém deveria ser aconselhado a engolir sapos, isso simplemente acontece com quase todo mundo!<br />
<br />
O segundo tipo de mensagem edificante que eu consegui pensar foi na linha: pense nos sapos que já engoliu e tente tirar uma coisa boa de cada um deles. Totalmente Poliana esse final, nada a ver comigo...<br />
<br />
O terceiro tipo foi: Feche a boca para evitar que sapos te confundam com uma lagoa... Outra sandice... Eu jamais ficaria calada em situação alguma só por medo de sapo...<br />
<br />
Talvez o melhor conselho de todos seja: O sapo na garganta de alguém, evite ser!<br />
<br />
<br />
Feliz 2016!<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-1701786214534162552015-10-31T15:21:00.001-02:002015-10-31T15:21:58.802-02:00Vida de Estudante19/10/2015<br />
<br />
Estou aqui, esperando os alunos terminarem a minha prova... Nem tava tão difícil assim, mas quatro já desistiram só de olhar. Mudei minha política de prova substitutiva esse ano. Antes era só querer refazer uma prova e o estudante tinha direito à prova substitutiva. É isso mesmo, aqui onde eu trabalho, se você perder ou for mal numa prova, tem direito a fazer de novo, no fim do semestre. Não é uma regra, mas uma tradição que procuro preservar, para o bem dos alunos... Percebi que não era uma boa política, dava margem a não estudar agora e deixar pra depois.<br />
<br />
Esse semestre, eu disse que só tem direito à substitutiva quem faltasse à prova ou desistisse nos 10 primeiros minutos. Fracassei de novo, teve uma pá de gente que não veio e teve gente que olhou pra prova e desistiu... O que será que esotu fazendo errado?<br />
<br />
Eu tento. Sei que genética não é a menina dos olhos da imensa maioria dos meus alunos (não era a minha também quando estudante). Justamente por isso, tento fazer com que as aulas sejam mais agradáveis, mas acho que venho fracassando miseravelmente a cada aula. Eu não sei se é o horário (as aulas são à noite), ou se sou eu que não consigo quebrar a barreira de linguagem com meus alunos. Às vezes acho que falamos idiomas diferentes. Só sei que sempre saio com a sensação horrível de que horas de estudo e de preparação de aula não servem pra muita coisa. Na verdade acabo aprendendo muito, mas infelizmente praticamente sozinha, não consigo empolgar os estudantes do jeito que eu me empolgo com as novidades.<br />
<br />
Essa turma do noturno era para ser da licenciatura em biologia. Só por isso peguei essa turma pra mim. Não gosto de dar aula à noite, acho que não rendo muito, mas, por querer fazer algo pela educação, resolvi encarar o desafio, todo ano. O problema é que das quarenta vagas disponíveis apenas cinco foram preenchidas por alunos de licenciatura. O resto foi ocupado por estudantes das mais diversas áreas. Não tenho nada contra eles, mas, onde diabos estão os futuros professores?<br />
<br />
Se eles estão preferindo assistir às aulas do período diurno, o que estou fazendo aqui a essa hora? Porque estou me submetendo, todos os semestres, a dar aulas à noite? E esse pessoal que está fazendo essa bendita prova, porque vieram para essa turma? Estudar de dia não é mais confortável e não rende mais?<br />
<br />
Eu estou fazendo esse drama todo, mas eu entendo que os meus alunos estão de fato na melhor idade de todas (melhor mesmo, em todos os sentidos, não só pra ser politicamente correto com quem já passou por boa parte da vida). É a melhor idade pra namorar, para fazer amigos (meus melhores amigos são dessa época, bons tempos...), pra beber (você não está morto no dia seguinte), pra virar a noite, pra fazer besteira... É a melhor idade de todas pra viver cada segundo, mesmo sem ter a percepção macabra de que a vida é curta.<br />
<br />
No entanto, se eles entraram na universidade, eu assumo que estavam atrás de algum benefício. Essa idade também é a melhor de todas para estudar, seu cérebro está novo em folha e você consegue aprender virtualmente qualquer coisa.... se quiser...<br />
<br />
Será essa a questão? A vida fora da universidade é tão interessante que torna as salas de aula enfadonhas e sem graça? O que a rua tem a oferecer é tão mais intenso e empolgante que não dá pra aturar horas de aula? Será que o problema é o modelo de aula? Teríamos que ter professores robôs interativos? Isso seria mais efetivo? Certamente seria mais barato, a não ser que os estudantes resolvessem destruir um robô de vez em quando, só para sair da rotina...<br />
<br />
E se eles estudassem em casa, com aulas gravadas que pudessem ser acessadas a qualquer instante? Eu mesma faço uns cursos assim de vez em quando. Recomendo, vale a pena poder estudar no seu ritmo, quando você tiver tempo. É isso que precisamos fazer para adequar a universidade a essa nova geração que nasceu sabendo tudo o que precisa e que portanto não sente necessidade de aprender mais nada?<br />
<br />
Eu não sei, sinceramente sou cética com relação a isso, mas teríamos que testar para saber se realmente não dá certo. Talvez fosse o caso de adiar o início da faculdade, talvez fosse o caso de colocar uma pergunta na prova do ENEM: de zero a dez, qual a intensidade da sua vontade de entrar na universidade, seja sincero... Será que teríamos uma média de 5 mais ou menos 2??? Ou a média seria alta no papel e baixa na real???<br />
<br />
-------<br />
31/10/2015<br />
<br />
<br />
Alguns dias se passaram desde o desabafo durante a prova. Ainda não tive coragem de publicar o post, talvez por achar que merecesse edição... Minha sensação de inutilidade na vida só aumentou. No fim da semana passada dei uma entrevista para uma estudante da licenciatura. Ela me perguntou sobre minhas iniciativas para estimular os alunos, para melhorar as minhas aulas. Falei de tudo, contei das minhas experiências frustradas, contei da minha decepção com a falta de estudantes de licenciatura nas minhas turmas... Saí com a sensação de que errei feio na escolha da profissão... Acho que é o fim do ano. Olhando para os meus posts nesse blog (que são cada vez mais raros), vejo um padrão de aumento do pessimismo com o fim do ano...<br />
<br />
A cidade em que moro está com problemas de abastecimento de água. A universidade se expandiu, mas não houve medidas para aumentar a captação de água na cidade. Além disso, as chuvas estão escassas ultimamente, é o segundo ano de estiagem feia e mais ou menos o quinto ano de redução da quantidade de chuvas... Esses fatores somados culminaram numa crise hídrica que tem que ser enfrentada por todos os cidadãos. Tudo isso pra quê? Fica a questão se a expansão da universidade vai ter efeitos positivos suficientes para abrandar esse impacto. Do meu ponto de vista? Uma sensação de que muita gente entrou na universidade sem saber direito porque nem pra quê...<br />
<br />
--------<br />
<br />
Eu queria saber como convencer os estudantes de que a vida de estudante é boa, e que estudar deveria fazer parte dela, principalmente pra quem optou por entrar na universidade. Não consigo aceitar que eu tenha alunos que frequentam as aulas, olham para a prova e simplesmente decidam fazer depois... Será que eles acham que vai ser mais fácil daqui a mais de um mês? Talvez. Talvez alguns deles tenham tido problemas reais, com os quais não conseguiram lidar e que os tenha obrigado a desistir da prova. Quando estou no auge do meu pessimismo, a impressão que tenho é que nada importa: a vaga na universidade, a oportunidade de estudar, de ir mais longe de conhecer mais... Se nada disso tem a menor importância, o que se dirá de minhas aulas?<br />
<br />
--------<br />
<br />
Melhor parar por aqui. Quanto mais penso no assunto mais tenho vontade de desistir. Por hoje é isso, devem ser as bruxas soltas por aí... Chega!<br />
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<br />Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-52676270732981632322014-08-08T21:59:00.002-03:002014-08-10T20:16:29.167-03:00Ciência no Brasil e a fábrica de doidos...Isso é um desabafo! Trabalho o filogenias, meus dados são sequências de DNA, que consigo em bancos públicos de dados internacionais (a parte fácil) ou tenho que produzir no laboratório (a parte trabalhosa, cara e demorada).<br />
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Até hoje, o serviço consiste basicamente em coletar os espécimes no campo, tarefa que requer autorização do ICMBio e alguns relatórios. Uma vez no laboratório, o organismo deve ter o DNA extraído e é neessário fazer múltiplas cópias do locus de interesse, em geral um gene mitocondrial ou uma sequência não codificadora. Isso seria simples e rápido, não fosse o fato de que é necessário desenhar primers (sondas que permitem estudar apenas a região desejada do DNA). Isso também seria simples se eles sempre funcionassem. O problema é que nem sempre funcionam, e, como trabalho no Brasil e os primers não são produzidos por aqui, o tempo de espera pode variar de 2 a infinitos meses, caso a alfândega resolva que não posso mais importar esse tipo de coisa. Já me aconteceu de esperar cinco meses por um par de primers, inadmissível (sim, eles mudam de ideia de tempos em tempos, ainda não consegui entender exatamente como funciona). Comparando com colegas que estão nos EUA, a coisa fica mais ridícula. Eles conseguem desenhar um par de primers e testá-lo no mesmo DIA!!!! Assim, brigam no máximo uma semana com uma região difícil de amplificar... Sem comentários!<br />
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Outra coisa que preciso comentar é que os equipamentos e reagentes necessários para a extração do DNA e fazer as tais múltiplas cópias também são importados. Com isso, se ganhei 20.000 do governo federal ou estadual para pesquisa, na verdade ganhei só a metade disso, pois a outra é devolvida ao governo em forma de impostos. Tudo isso a despeito de ser funcionária pública de uma instituição federal (sou professora universitária).<br />
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Saindo de meu pequeno parêntesis. Uma vez conseguidas as múltiplas cópias, é preciso sequenciar o tal fragmento de DNA. Isso tem vários usos, que vão da identificação molecular de espécies ao estudo da variabilidade genética dentro e entre populações. Para sequenciar posso utilizar laboratórios que fazem esse tipo de serviço, uma vez que a demanda de meu laboratório é pequena e eu não tenho recursos para manter um sequenciador. No Brasil, alguns laboratórios oferecem o serviço, mas o preço é muito alto e sempre que algo sai errado tenho que arcar com todo o prejuízo. O problema é que a demanda é muito maior que a oferta, o que deixa o serviço muito lento. Há alguns anos tenho utilizado os serviços de um laboratório coreano: a qualidade é excelente, além de eles refazerem sem custos qualquer sequência que tenha ficado ruim, sem discussão.<br />
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O problema aqui é a burocracia de novo. Sempre que um aluno meu precisa mandar amostras para serem sequenciadas, precisamos preencher um cadastro, explicar porque cada amostra tem que ser enviada, anexar o projeto e esperar pelo carimbo e assinatura de um outro funcionário que tem como objetivo garantir que eu não estou fazendo nada de errado. Eu não sei qual a formação dele, mas nunca li nenhum artigo dele na área, motivo pelo qual suponho que ele não seja doutor em genética, biologia molecular ou evolução... Para pagar pelo serviço, conto com a fundação da universidade, que a cada pagamento pede que eu justifique (reiteradamente) porque utilizei essa empresa e não qualquer outra. Você pode argumentar: "é só copiar e colar professora", mas se é só isso mesmo, porque tenho que fazer???<br />
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Apesar de reclamar (e achar um absurdo) tenho conseguido viver com esse nível de burocracia. Estou de férias, e o grande objetivo era descansar um pouco da correria (além de burocrata e aspirante a pesquisadora, sou professora). O problema é que não consigo colocar uma mensagem de "estou de férias e não me procure essa semana" e acabo lendo os e-mails que me mandam. Pois é. Recebi um e-mail de um colega pedindo para os destinatários colaborarem com um projeto de lei que vai ser votado segunda-feira (tipo, daqui a três dias) na câmara dos deputados, o PL7735/2014.<br />
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Estava chovendo e eu estou na praia com internet... Sem nada pra fazer, resolvi ler o PL, que "dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético; sobre a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado; sobre a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade; e dá outras providências". Já achei bem estranho um único PL dispor sobre tanta coisa... A expressão Patrimônio Genético me chamou a atenção, então resolvi ler o tal PL...<br />
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No artigo 2o o PL conceitua Patrimônio Genético como qualquer informação de origem genética... Opa, isso me diz respeito, trabalho com sequências de DNA... Resta agora resta saber o que fico proibida de fazer por essa nova lei.<br />
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Continuei lendo, já bastante preocupada quando cheguei no capítulo IV, cujo parágrafo único declara ser "<b><i>vedado o acesso ao patrimônio genético ou conhecimento tradicional associado por pessoa natural estrangeira</i></b>." Oi? Pessoa natural estrangeira? Qualquer um que não tenha nascido no Brasil??? Não sei se quem fez a lei sabe, mas existe um acordo entre todas as revistas científicas do mundo de obrigatoriedade da disponibilizar toda e qualquer sequência utilizada para obter os resultados de um artigo científico em um banco PÚBLICO de dados. Isso é muito interessante, como eu disse no começo desse post enorme, uma das minhas fontes é um desses bancos, onde sequências dos mais diversos organismos, coletados por todo o planeta estão disponíveis... Se a lei for aprovada como está, isso torna ilegais todos os projetos em andamento no meu laboratório, uma vez que o Patrimônio Genético a ser produzido pelos meus alunos deve ser publicado e acessado por bilhões de pessoas, a maioria "natural estrangeira"...<br />
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Bom, consideremos que o artigo 2o seja reformulado e o que eu faço não se torne ilegal. O Art. 3o dispõe que: "<i><b>O acesso ao patrimônio genético existente no País </b>ou ao conhecimento tradicional <b>associado para fins de pesquisa </b>ou desenvolvimento tecnológico e a exploração econômica de produto ou processo oriundo desse acesso <b>somente serão realizados mediante cadastro, autorização ou notificação, e serão submetidos a fiscalização, restrições e repartição de benefícios nos termos e nas condições estabelecidos nesta Lei e no seu regulamento</b></i>."<br />
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Não consegui entender... Para trabalhar, a partir de agora, vou precisar preencher cadastro, pedir autorização e/ou notificar a algum órgão? Isso quando? Antes de mandar o projeto, depois que ele for aprovado, antes de coletar ou antes de publicar? Fiquei muito confusa... Um trabalho científico vai precisar do aval de um burocrata? Esse burocrata tem doutorado na minha área? Como exatamente vai julgar o trabalho? Estou mais acostumada a ter projetos e trabalhos julgados por meus pares, que não têm recusado recursos ou impedido a publicação.<br />
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Ainda não acabou... Se você chegou até aqui, tem mai um item a ser considerado:<br />
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<i>Art. 12. Deverão ser cadastradas as seguintes atividades:</i><br />
<i>I - acesso ao patrimônio genético ou conhecimento tradicional associado dentro do País realizado por pessoa natural ou jurídica nacional, pública ou privada;</i><br />
<i>II - acesso ao patrimônio genético ou conhecimento tradicional associado por pessoa jurídica sediada no exterior associada a instituição nacional;</i><br />
<i>III - acesso ao patrimônio genético ou conhecimento tradicional associado realizado no exterior por pessoa natural ou jurídica nacional, pública ou privada;</i><br />
<i>IV - remessa de amostra de patrimônio genético para o exterior com a finalidade de acesso, nas hipóteses dos incisos II e III do caput; e</i><br />
<i><b>V - envio de amostra que contenha patrimônio genético por pessoa jurídica nacional, pública ou privada, para prestação de serviços no exterior como parte de pesquisa ou desenvolvimento tecnológico.</b></i><br />
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Repare que o item V do Art. 12 acrescenta mais um item à burocracia insana do meu trabalho...<br />
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Bom, isso tudo foi para pedir o apoio de colegas e pessoas que trabalham com esse tipo de material. Vamos sugerir que a lei não trate de tanta coisas de uma só vez. Eu consigo entender porque proteger o conhecimento tradicional, que deve ser preservado a todo custo para que empresas multinacionais não ganhem quantidades indecente de dinheiro às "nossas" custas. Isso é um ponto. Outra coisa, muito diferente, é travar ainda mais a atividade dos cientistas desse país, que já sofrem tanto com burocracias dos mais diversos tipos.<br />
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Se a intenção é proteger nosso patrimônio genético de cientistas estrangeiros que aparecem por aqui, coletam o que bem querem e utilizam os organismos em seus trabalho, eu acho que a política tinha que ser no sentido de nos tornar mais eficientes. Sim, temos <b>cérebros suficientes no Brasil </b>para que possamos competir em pé de igualdade com os estrangeiros, ainda mais em se tratando de organismos brasileiros que estão no quintal de casa. Como eu disse no começo, nossa pesquisa é cara (carga de impostos), lenta e emperrada, por causa da burocracia. Se o dinheiro pudesse ser melhor empregado e o tempo necessário para conseguir equipamentos, insumos e produzir dados fosse mais curto, produziríamos mais e com mais qualidade.<br />
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Se você conhece alguém na minha situação, por favor, repasse esse post. Vamos todos entrar no site da câmara e pedir que essa votação seja adiada e que esses e outros tópicos possam ser discutidos pela sociedade e pela academia. Obrigada pela paciência!<br />
<br />Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-42814136001483537272014-08-06T15:16:00.002-03:002014-08-06T17:42:16.701-03:00Entre relíquias sagradas e ciência... René DescartesPassei só pra recomendar o último livro que li: "Os Ossos de Descartes", de Russel Shorto. Nunca li nada desse autor, nem tinha ouvido falar. Foi tudo um "acidente" feliz. Fui à livraria, procurar algum livro de divulgação científica na minha área... Não achei nada e olhei pro lado, na parte de filosofia da ciência (que vai ser meu novo nicho de busca de livros) e or acaso o título me chamou a atenção...<br />
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Sem esperar muito do livro, me surpreendi... O relato começa com a morte de Descartes, alguém que achava que iria driblar a morte por uns 500 anos (viveu só 52, vencido pelo frio da Suécia). Apesar de ser o pai do materialismo e ter criado as bases do Iluminismo (o movimento que, muito tempo depois de sua morte, iniciou o racionalismo na humanidade), Descartes teve nada menos que três funerais (católicos) em épocas e contextos diferentes. Teve parte de seu esqueleto roubado (o crânio!), mantido como relíquia, vendido em um leilão barato e venerado, por cientistas e religiosos.<br />
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O livro conta a história dos ossos de Descartes, dos grandes cientistas que tiveram seu suposto crânio em mãos e das "certezas científicas" que basearam a veracidade do crânio enquanto pertencente ao grande mestre. É muito interessante ver que, como quase sempre, os pesquisadores partem de uma certeza (de que o crânio era dele e não de outro europeu qualquer) e como isso enviesa o resultado final. Ao mesmo tempo que conta uma história interessante, o autor faz pensar sobre o método científico, as crenças dos pesquisadores, o funcionamento do cérebro e em como tudo isso é indissociável.<br />
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<br />Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-26674605723658458662014-06-22T20:59:00.003-03:002014-06-23T08:38:25.565-03:00Ensinar, aprender, me jogar pela janela...Não sei quem disse que ninguém ensina nada pra ninguém. Eventualmente alguém aprende, mas só aprende quem quer... Nessas, ser professor pode ser um pouco ingrato: você prepara a aula, pensa no melhor jeito de abordar um determinado assunto, se coloca no lugar de quem nunca ouviu falar daquele tema e chega na sala de aula crente que vai arrasar e sai arrasada porque ninguém deu muita bola, parece que você nem passou por lá.<br />
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No começo do semestre sempre acredito que vai ser melhor que o anterior, que os alunos são mais interessados e que dessa vez vai dar tudo certo, vou conseguir atingir a pelo menos 70 % da turma... Depois de corrigir a primeira prova, um choque de realidade: a maioria não entendeu, não estudou ou não estava nem aí... (não entendo porque me choco, até as cobaias do Pavlov aprenderam a associar campainhas a choques, porque ainda não associei turmas de genética ou evolução a choques?). Me lembro de odiar (do verbo não querer nem saber de) várias das disciplinas que fiz no curso de biologia, mas de estudar só pra me livrar delas (não queria nem conceber a hipótese de reprovar numa disciplina odiosa, imagine ter que fazer tudo de novo!). Lembro também de não entender para quê poderia servir estudar um ou outro assunto (na verdade um monte deles), mas de ser apaixonada por certos assuntos, a ponto de ler, estudar, tentar ir a congressos e encher o saco de alguns professores.<br />
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Pra que serve um professor? Começo a me perguntar no meio do semestre. A pergunta fica me azucrinando as ideias até o fim do ano, quando chego à conclusão de que um professor não serve pra nada. Veja bem, tudo o que estou habilitada a ensinar está nos livros ou nos artigos. Então tenho duas respostas:<br />
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<ol>
<li>Um professor não serve pra nada porque quem realmente quer saber, estuda e aprende, não precisa do professor;</li>
<li>Um professor não serve pra nada porque quem não quer aprender, não vai aprender de jeito nenhum, por mais esforço que o professor faça.</li>
</ol>
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Será que a profissão de professor está em extinção? Pode ser que essa geração não precise mesmo de professores. A impressão que tenho é que todos se sentem geniais e que nasceram sabendo tudo o que precisam para exercer suas profissões. Só não vejo a prática disso, não vejo autodidatas que estão na universidade só pra ter o diploma, mas que se viram sozinhos e que conseguem bons resultados nas provas só porque sabem que é uma etapa importante a ser cumprida. Isso era o mínimo que eu esperava de um gênio que foi obrigado a entrar na universidade para poder ter o direito legal de exercer a profissão de biólogo. Tive muitos colegas assim: passavam na maioria das disciplinas aos trancos e barrancos porque as odiavam mas sabiam que precisavam delas para obter o diploma. Hoje são excelentes pesquisadores. A diferença que vejo entre meus colegas e meus alunos é a dedicação ao que realmente gostam. Se são excelentes pesquisadores é porque gostavam sim da biologia, não de toda a biologia, mas de uma parte dela, uma parte importante, sem a qual não faria sentido cursar biologia. Simples assim!</div>
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Sim, estou em crise. Vejo esforços por parte do governo em fazer mais gente entrar na universidade, mas infelizmente vejo pouca gente se perguntando se realmente quer entrar na universidade. Já conversei com alunos que me disseram que entraram na biologia porque tinham nota para entrar, mas não era bem isso que queriam ou nem tinham decidido nada ainda (e não decidiram até agora). Sim, sou a favor dessa política, pra mim, quanto mais gente entrar na universidade, melhor (melhor pro país, melhor para as pessoas, melhor!) Eu só gostaria de sugerir que os candidatos assinassem um papel dizendo que realmente querem cursar o que escolheram __parece cretino, se eles escolheram é porque querem, certo? Tenho dúvidas...</div>
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Estou carente de gente apaixonada pela biologia, gente que topa fazer um curso com 70% de matérias chatas só pra poder ser biólogo e se dedicar ao que quer fazer. Gente que se comova com a beleza e com as incertezas. Estou carente de gente dedicada, que tem brilho nos olhos e sede de saber, só por saber mesmo, por satisfação intelectual. Bobagens? Talvez!</div>
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Sim, tenho alunos bons, de quem sempre me lembro em momentos de crise, mas que agora estão atrás da cortina de tristeza que eu fechei por um tempo. Fora das crises me convenço de que é só um problema de idade (a minha, que não para de avançar e a deles, que é sempre a mesma) e de maturidade (minha, que não aprendo a lidar com frustrações, e deles, que ainda não perceberam que estão perdendo tempo). Dentro das crises me convenço de que sou eu que estou perdendo tempo, minha vida está passando e eu posando de figurante na profissão que escolhi. Não seria o caso de mudar de profissão? </div>
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A crise passa, eu sei. Todo ano, mais ou menos entre a segunda e a terceira prova, me torno uma pessoa pessimista, que quer se jogar pela janela. O melhor de tudo é que vem a terceira prova, depois a prova final e o jogo recomeça. O novo semestre chega e eu me convenço que essa turma vai ser melhor que as outras, e que finalmente vou fazer diferença na formação de alguém. É mesmo verdade que só aprende quem quer aprender e eu me recuso a aprender que minha profissão está em extinção e que ninguém mais quer aprender nada comigo... O dia que aprender, juro, saio pela porta e vou arrumar outra coisa pra fazer.</div>
Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-47929289564083426632014-05-12T19:12:00.001-03:002014-05-12T19:12:26.029-03:00II EcoEvol - Inscrições Abertas!!!Depois de muito trabalho finalmente conseguimos abrir as inscrições do II EcoEvol!!! É a segunda edição desse evento, que foi concebido pra discutir Ecologia e Evolução na UFV. A primeira edição foi sucesso total de público e crítica. Apesar de termos feito tudo em menos de um mês, todos os palestrantes convidados vieram e fizeram suas respectivas palestras com casa cheia! Tudo isso sem ter que exigir presença, carimbar crachás e todas essas coisas que vemos em congressos por aí para garantir a presença do público.<br />
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Quando vejo esse tipo de coisa chego a ter esperanças de que a próxima geração de pesquisadores vai ser melhor que a minha. Tenho vários alunos empenhados na organização do evento, o que me deixa bastante otimista!<br />
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Eu espero que essa próxima edição seja ainda melhor que a outra, nós começamos a preparar esse evento muito antes, pra garantir que tudo saia perfeito. Essa edição será internacional, com vários convidados estrangeiros. Se você não fala inglês ou se sente um pouco inseguro, não se preocupe, dessa vez teremos tradução simultânea, pra garantir que todos se entendam e possam se comunicar…<br />
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Visite o nosso <a href="http://ecoevol.wix.com/ecoevol" target="_blank">website</a>, e, se puder, compareça ao evento. Garanto que vale a pena!<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-e4eBRrEP1Lo6gK0vJIZ2UyCtKADJAa06z2r8FGwqoEGGZzrKeRFA8vb1-M5OX5pmxNr5INwEuYKlHSmK6bupZF3pfnmvvznZXzgWq7yXSfHLz6Y6X1cQM7xYAv4JaKG4yDHae3TsyX5T/s1600/DarwinTreeOfLife-+L.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-e4eBRrEP1Lo6gK0vJIZ2UyCtKADJAa06z2r8FGwqoEGGZzrKeRFA8vb1-M5OX5pmxNr5INwEuYKlHSmK6bupZF3pfnmvvznZXzgWq7yXSfHLz6Y6X1cQM7xYAv4JaKG4yDHae3TsyX5T/s1600/DarwinTreeOfLife-+L.jpg" height="320" width="255" /></a></div>
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A ilustração do evento é uma estrela à parte e foi gentilmente cedida para uso pelo autor, <a href="http://www.boriskulikov.com/" target="_blank">Boris Kulikov</a>, um russo que ganha a vida em NY ilustrando livros. Entrei em contato com ele já na primeira edição, assim que topei com a figura na internet e ele permitiu o uso da figura. </div>
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Bom, vou parando por aqui hoje. Se você quiser saber mais detalhes, acesse também a nossa página no <a href="https://www.facebook.com/IIEcoEvol" target="_blank">FaceBook</a>, e, se possível, <a href="https://www.facebook.com/events/1555478738012070/" target="_blank">marque presença</a> no evento. Teremos muito prazer em recebê-lo aqui em Viçosa!</div>
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<br />Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com0Universidade Federal de Viçosa - UFV - Avenida Peter Henry Rolfs, s/n - Campus Universitário, Viçosa - MG, 36570-000, Brasil-20.7571466 -42.874633200000005-21.7100436 -44.165526700000008 -19.8042496 -41.5837397tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-41076843876791826842014-02-12T12:52:00.000-02:002014-02-12T12:52:00.840-02:00O Carma, a Imprensa, a Carga Genética e as coisas que já foram escritas...Vou tentar começar uma nova série nesse blog: linguagem científica x imprensa. Tenho uma birra histórica com isso. Sofri na pele as confusões quando era estudante e vejo meus alunos sofrendo com isso a cada ano.<br />
<br />
A primeira da lista é a <b>carga genética</b>, que é vista como carma, destino ou desgraça em nossas vidas ou (principalmente) na vida alheia. Na imprensa leiga, a carga genética é confundida com o genoma ou o conjunto de genes de um indivíduo.<br />
<br />
Para tudo! Tá errado! Carga genética é outra coisa, e não tem nada a ver com um indivíduo particular (se você não entende genética, ou matemática, isso não tem nada a ver com a "sua" carga genética, mesmo porque você não tem uma).<br />
<br />
Carga genética é um conceito populacional (só faz sentido se usada em um conjunto de organismos da mesma espécie, que habitam um mesmo local de modo que qualquer um pode _ veja bem, eu disse pode _ acasalar com qualquer outro do sexo oposto com igual probabilidade). Carga genética está relacionada com os alelos deletérios presentes em uma população.<br />
<br />
Ao começar a escrever este post, fui dar uma olhada nas definições, para não falar nada errado e dei de cara com um <a href="http://geneticanaescola.com.br/wp-home/wp-content/uploads/2013/04/VersPress/Genetica-na-Escola-81-Artigo-08_Press.pdf" target="_blank">artigo</a> do <a href="http://www.ib.usp.br/~srmatiol/" target="_blank">Prof. Sérgio Russo Matioli</a>, da USP. O artigo está publicado na revista <a href="http://geneticanaescola.com.br/" target="_blank">Genética na Escola</a>. Depois dessa, só me resta colocar o <a href="http://geneticanaescola.com.br/wp-home/wp-content/uploads/2013/04/VersPress/Genetica-na-Escola-81-Artigo-08_Press.pdf" target="_blank">link</a> para que você possa ler o artigo na fonte. Lá tem tudo o que é necessário saber sobre carga genética. Boa leitura!Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-3465501793032721022014-02-07T20:19:00.000-02:002014-02-07T20:19:14.455-02:00 A insônia, a falta de noção e "o andar do bêbado"Adoro livros de divulgação científica, mesmo na minha área, tenho muito prazer em ler. Acho que os autores que se dedicam a isso são excelentes escritores, conseguem transformar uma coisa hermética, como é a ciência, em algo divertido e interessante para os não iniciados.<br />
<br />
Sempre que vou a livrarias vou à seção de ciências para saber das novidades. Há alguns anos fui apresentada a um novo autor pela minha orientadora, o livro era "O Andar do Bêbado", de Leonard Mlodnow". Não sei nem pronunciar o nome, mas o fato é que gostei do livro, até cito alguns exemplos em minhas aulas de evolução, porque acho que são muito pertinentes para convencer meus alunos de que o acaso é muito importante em processos evolutivos. <br />
<br />
Bom, depois de ler "O Andar do Bêbado", encontrei "A Janela de Euclides". O último achado foi o "Subliminar". Ok, sou fã desse autor de sobrenome impronunciável, confesso que se aparecerem outros livros dele, vou ter que dar um jeito de ler, e rápido.<br />
<br />
Este post é só pra dizer que entrei em contato com ele essa semana para convidá-lo a participar de um evento em Viçosa. Entrei em sua página pessoal e simplesmente convidei, com o meu inglês tacanho e informal mesmo. Fiquei surpresa porque ele respondeu (e rápido), e quase caí para trás quando vi que a resposta era positiva!<br />
<br />
Sim, tenho o prazer de anunciar que graças à minha cara de pau incorrigível, temos a chance de receber o Dr. Leonard Milodnow em Viçosa, ao vivo e à cores, como eu jamais ousei nem imaginar! <br />
<br />
Agora é conseguir financiamento para garantir a vinda dele. Temos algumas alternativas como agências de fomento: CNPq, CAPES,FAPEMIG. Espero também poder contar com a administração da universidade em que trabalho, para que possamos confirmar sua vinda o quanto antes e poder desfrutar da palestra.<br />
<br />
O mais interessante é que mandei a mensagem pra ele no meio de uma noite de
insônia. Estava tentando trabalhar, sem muito sucesso, fui navegar na
internet, já estava com o convite na cabeça e resolvi tentar... Achei uma aba para fazer comentários na página dele e escrevi de qualquer jeito mesmo. Na verdade, achei que o troço ia parar nas mãos de algum tipo de secretário, que no mínimo ia me responder algo com o preço da palestra... Não foi nada disso, ele mesmo respondeu e estamos em comunicação para acertar os detalhes de sua vinda (ele me disse que três dias depois ele tem que estar na Índia!). Tenho certeza de que isso foi mais uma obra do acaso, talvez porque eu estava um pouco "bêbada" de cansada, com uma insônia chata que me motivou a fazer o convite àquela hora da madrugada...Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-21141787015365885752013-06-24T17:34:00.001-03:002013-06-24T17:34:53.472-03:00Os protestos, a Dilma e os seus votos... Acorda cidadão!<span style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 18px; text-align: left;">Transcrevo aqui o desabafo de um colega de profissão, o Professor João Henrique dos Santos, da UFRJ. Apesar de termos muitas ideias diferentes, como nosso último voto para presidente (sim, eu votei na Dilma, fiz campanha pra ela e faria tudo de novo!), respeito muito a opinião e os palpites do João, que são bem mais embasados e informados que os meus. Ele postou este texto no FB, mas eu não consegui compartilhar. Pedi então autorização para postar aqui no meu blog e ele foi super gentil em conceder.</span><br />
<span style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 18px; text-align: left;"><br /></span>
<span style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 18px; text-align: left;">Aproveite, é uma boa análise dessa loucura que anda rolando pelo país...</span><br />
<span style="background-color: white; color: #898f9c; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #898f9c; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">"A democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos". (Winston Churchill)</span><br />
<br style="background-color: white; color: #898f9c; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" />
<span style="background-color: white; color: #898f9c; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">Cada vez que vejo pedidos de impeachment da Sra. Presidenta (mas não os vejo direcionados a governadores e prefeitos, responsáveis mais imediatos pela gestão principal das pautas primárias: transporte público, saúde pública e educação básica), lembro-me do Ma</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">rechal Castello Branco, em 1965, já Presidente, sobre os porraloucas:<br /><br />"Eu os identifico a todos. São muitos deles os mesmos que, desde 1930, como vivandeiras alvoroçadas,vêm aos bivaques bulir com os granadeiros e provocar extravagâncias ao Poder Militar."<br /><br />Pois é. A Dilma não serve? Diga isso em 2014 nas urnas! O mesmo para o seu Governador, se achar que ele não serve; idem para seus deputados e senadores; e também para seu Prefeito e vereadores em 2016. Nas urnas!</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br />Mas seja quais forem os eleitos, o terão sido legitimamente. </span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br /></span>
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">Fora disso, e sem qualquer base institucional, é golpismo.</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br />Bobagem dizer que "ela não me representa". Representa, sim, pois é chefe do Poder Executivo do nosso país, eleita democraticamente, e por mais que eu discorde dela e de seu partido, ela é a Presidenta e, como tal, deve nos representar a todos.</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br />Foi infeliz em seu pronunciamento, que mais parecia plataforma de "quando eu for presidente..."? Foi. Fez uma "reductio ab absurdo" da questão da saúde pública no Brasil. Tá. Foi a primeira chefe do Executivo a dizer bobagens em rede nacional? Não. Nem será a última.</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br />A isso se responde com argumentos! Pedir a destituição da Dilma só porque ela falou bobagem, significa que teremos um presidente a cada meia hora, se for aplicado o mesmo critério.<br />Não votei na Dilma mas não vejo, institucionalmente, qualquer base para se iniciar algo do tipo "Fora, Dilma!". Os que apregoam isso (as "vivandeiras que vêm aos bivaques bulir com os granadeiros") sabem exatamente no tipo de crise de ingovernabilidade que isso pode trazer ao País. Ou nem fazem ideia e o repetem por oba-oba.</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br />E talvez por não ter votado nela sinto-me bastante à vontade para registrar meu respeito por algumas de suas ações no Governo. O que não me impede de tê-la - e a todos os homens públicos - sob olhar crítico. E, graças a Deus, poder discordar dela, de seu partido, da direita e da esquerda, de qualquer partido, sempre que estes não estiverem "pelo justo e pelo certo".</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br />Os cartazes de "Basta!" de hoje são os mesmos usados em 64 para depor um presidente - tal como Dilma, legitimamente eleito -, e o que se seguiu foram 21 anos de supressão da liberdade.</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br />Manifestação apartidária ou suprapartidária não significa que os partidos políticos não possam se fazer representar. Dizer que "sem partido" é nazi-fascismo é bobagem: tanto o nazismo quanto o fascismo eram apoiados em partidos organizados. Mesmo o comunismo também era. E todos sabemos que todos os partidos estarão amanhã em suas campanhas eleitorais, mostrando imagens dos protestos e dizendo "nós estávamos lá", mesmo que não estivessem ou até que estivessem contra as manifestações.</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br />Por fim, saber o que pedir e a quem pedir. A Dilma tem tanto poder de prender um corrupto como eu e você o temos; ou seja, nenhum. Quem emite a ordem de prisão é o Judiciário e quem efetiva a prisão é a Polícia, que é do executivo.</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br />Não se peça o impossível e à pessoa errada! Só faltei ver gente pedindo a revogação da lei da gravidade...</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br />Examinem as matérias pelas quais se erguem bandeiras. O Ministério Público (MP) não tem, em si, poder de investigação policial: seu poder é o da aceitação e processamento das denúncias e seu encaminhamento de denúncias ao Judiciário para indiciamento. Basta ver nas atribuições constitucionais do MP.</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br />Mais grave é a PEC que quer subordinar as decisões do STF ao crivo do Congresso. Isso, sim, é usurpar as prerrogativas constitucionais de um Poder da República. Isso é um passo para gerar (mais uma) crise institucional.</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br />Dizer "fora Feliciano!" ou "fora Renan!" ou "Fora Bolsonaro!" (meu Deus! Como a lista de vocês é pequena: a minha de "Foras" deve ser umas dez vezes maior) é inútil: eles foram legitimamente eleitos por gente que, como nós, vota. Se não queremos deputados e senadores como eles no Congresso, há um remédio simples e barato: o voto. Eles podem não nos representar (o que talvez nunca tenham querido), mas representam eleitores.</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br />Enfim, as reivindicações pacíficas são legítimas e traduzem um verdadeiro descontentamento com uma série de coisas. Cabe às autoridades ouvir atentamente às vozes das ruas, e entender que as cobranças se dão na velocidade de um tweet. E viralizam.</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br />Cabe às autoridades vir "dar a cara ao tapa". Quantos governadores disseram coisa com coisa? Quantos prefeitos?</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br />Não queremos nem a deposição do czar nem a fundação do IV Reich. Queremos mais seriedade, coerência, honestidade e transparência na gestão da coisa pública. E isso depende de nós, unicamente de nós, pois nenhum desses de quem cobramos nasceu no cargo ou recebeu-o por herança: foi eleito! E por quem? Por nós! É só começarmos a votar melhor e essas mazelas começarão a terminar. Quem sabe até consigamos a revogação da lei da gravidade. </span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br />Desculpem-me se o texto ficou longo demais. Foi mais um desabafo.</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br /></span>
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br /></span>
Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-31350694997229160892013-06-20T19:12:00.004-03:002013-06-20T19:12:50.438-03:00É isso aí, galera...Uma coisa que sempre me incomodou (e muito) na universidade era a apatia da imensa maioria dos estudantes. Eu sentia que alguma coisa estava muito errada no sistema. Tinha a impressão que eu estava fazendo um esforço enorme no vácuo e a maior parte dos estudantes quando muito fingia que estava aprendendo. Corrigir provas era um suplício, um tal de estica, puxa, lê de novo e espreme pra tentar não dar zero numa questão...<br />
<br />
Este semestre está diferente. Não sei se calhou de pegar duas turmas ótimas ou se esse é "um novo começo de era" como diria o Lulu Santos. É sério. As aulas estão mais leves. Os alunos, principalmente os de Evolução, estão estudando (de verdade) <u><b>antes</b></u> das aulas. Isso facilita o trabalho e me faz acreditar que estou formando uma geração de biólogos realmente comprometida e quiçá uma geração de bons professores que podem fazer a diferença.<br />
<br />
Fiquei pensando se isso tem alguma relação com o que está rolando nas ruas. Será possível que as pessoas acordaram pra vida? Sempre fiz um discurso em sala de aula que o ensino dado aqui na universidade não é grátis, e sim patrocinado por todo o povo brasileiro. Na minha opinião, um estudante que não estuda (bem como um professor que não faz a sua parte) é tão ruim quanto um deputado que ao invés de cumprir seu dever, rouba dinheiro público.<br />
<br />
Estou feliz. Muito feliz porque finalmente me sinto fazendo alguma diferença para o futuro da educação no Brasil. Minha parte é pequena, tem a ver com a formação de alguns dos futuros professores de biologia. Acho que formar bons professores é fundamental. Se formarmos maus professores o ciclo vicioso continua: maus professores, mal pagos, que ensinam mal e mantêm a população ignorante e analfabeta, como reza a cartilha do capitalismo, que precisa de mão de obra mal paga e obediente...<br />
<br />
Outra coisa que me deixou feliz é que os estudantes finalmente estão mais abertos a discussões políticas (até bem pouco tempo política era uma palavra proibida, meio pecaminosa). Semana passada eles foram às ruas para protestar contra tudo que acham que está errado. Uma das coisas era que a saúde em Viçosa está falida, simplesmente não temos médicos para todo mundo e os hospitais estão um caos (só sei de ouvir falar, procuro nunca ir aos hospitais, outro dia fui atropelada por uma bicicleta e me recusei a competir por atendimento com gente que precisava mais que eu). O problema da saúde aqui é que a população flutuante é enorme... Isso significa que os estudantes e muitos dos professores utilizam a cidade como dormitório (no caso dos estudantes, quando eles não queriam dormir, faziam questão que ninguém mais dormisse também).<br />
<br />
O problema disso é que as pessoas vivem aqui, comem aqui, deixam seus resíduos aqui (a cidade é bem suja pela falta de educação das pessoas) e não se dão ao trabalho de votar por aqui... Pra quem não sabe, os recursos do SUS, por exemplo, são distribuídos pelo número de eleitores do município. Se você não se compromete nem a votar por aqui (vereadores e prefeito interferem muito mais na sua vida do que o presidente da república!), como é que quer exigir serviços de qualidade? Sempre que eu falava disso, todos se esquivavam. Agora o papo está sendo levado a sério, e, pelo que soube, vários estudantes estão transferindo seus títulos para a cidade. Mais um ponto pra eles!<br />
<br />
Fico mais feliz ainda em saber que não é só por aqui... Um colega de Ouro Preto (Sérvio Ribeiro) publicou outro dia no Facebook um depoimento do que viu na passeata que teve por lá. Dá vontade de chorar de alegria ao ler uma coisa dessas. Vou transcrever aqui a postagem dele sem pedir autorização, depois eu me explico com ele:<br />
<br />
<span style="background-color: white; color: #898f9c; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">"UFOP – Universidade Federal de Outro Planeta. Um planeta estranho. Aqui os estudantes planejaram e organizaram junto com os moradores do centro histórico uma passeata pacífica e segura, com todos envolvidos na proteção das fachadas e monumentos. Estes estranhos seres deste planeta conseguiram o apoio de velhinhas e comerciantes neste processo, e nada foi vandalizado, e muito, tudo foi aplaudido. E</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">squisito mesmo é o Reitor do planeta, que reuniu com o Comandante da Polícia, de onde concordaram colaboração plena pela confluência pacífica de estudantes e policiais no protesto e na proteção da cidade e suas pessoas, e ainda por cima, ele, Reitor, também lá foi! Os estudantes deste planeta bizarro saíram do campus as 15:00, andaram quilômetros, lotaram a Praça Inconfidentes, cantaram o Hino Nacional com toda a população, e foram embora. Por volta das 18:30 estavam voltando ao nosso planeta, enchendo as cantinas, ordeiramente. As 19:00 enchiam minha sala de aula de evolução. Confesso que quis terminar mais cedo hoje, mas tinham muitas perguntas sobre a matéria e o debate do Gene Egoísta, e ficamos até um pouco mais das 22:00.<br />Aqui neste planeta, os meninos sabem que estão mudando o país, e seus próprios destinos, tudo ao mesmo tempo. Não sei como que daí onde estão vocês nos vem, mas posso dizer que desejo de coração aos meus colegas de outros planetas alunos como os do meu, dos quais muito me orgulho".</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #898f9c; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br /></span>
É isso, só queria registrar o fato de ter os melhores alunos que jamais tive na minha curta trajetória como professora. Sim, Sérvio, aqui no meu planeta, meus alunos também são motivo de muito orgulho. Tomara que seja só o começo, e que as coisas sejam cada vez melhores. Tenho certeza que se seguirmos por este caminho, em poucos anos teremos de verdade um país melhor.Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-5427662362339291622013-05-29T14:40:00.001-03:002013-05-29T14:40:39.012-03:00"Etnias" brasileiras e o governo federal...Estou morrendo de vontade de comprar uma briga com o Poder Público Federal. É uma pena, não vou poder, porque não recebi um comunicado da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas que muitos dos meus colegas receberam... Só para esclarecer, o comunicado foi recebido em casa ou no escaninho de vários professores e funcionários aqui da UFV.<br />
<br />
Na primeira página, o documento diz que a mando do Ministério do Planejamento, a UFV precisa corrigir certas "inconsistências" referentes à "Etnia" de seus servidores. Confesso que isso em princípio não fez o menor sentido pra mim. O documento diz ainda que o servidor que não preencher o questionário anexo até o dia 10 de junho terá o ponto cortado (fica sem salário até resolver o problema da "Etnia").<br />
<br />
Na página seguinte, o servidor deve marcar com um X a lacuna em frente à "Etnia" a que pertence, e as opções são: Branca, Negra, Amarela, Indígena ou Parda.<br />
<br />
Alguém me explica porque o documento pede "Etnia" e dá opções de cores? (nem são cores, até onde sei, "indígena" também não é cor, acho que é o que chega mais perto de "Etnia" de todas as opções disponíveis...). Não há opção de "não desejo responder" conforme também consta do Lattes (sim, para atualizar o curriculum Lattes, que é essencial pra documentar a atividade dos pesquisadores, e sem o qual a probabilidade de conseguir qualquer financiamento para pesquisa é zero, é necessário indicar a "cor da pele" e não a "Etnia") e o servidor tem que escolher a qual "Etnia" pertence, sob pena de não receber seu salário.<br />
<br />
Fui atrás e vi que a Declaração Universal de Direitos Humanos, artigo segundo, proíbe a "<span style="font-family: Scala; font-size: 11pt;">distinção, nomeadamente de
raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra,
de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação". Como a declaração não fala de "Etnias", fiquei com a impressão que eles puseram "Etnias" porque "cores" e "raças" ferem a declaração... Será que é tão raso assim o raciocínio??? Se for, é a mesma coisa que dizer que não podemos perguntar aos cidadãos suas preferências por consumo de carne, então perguntaríamos: "Qual a sua fruta preferida? ( ) boi; ( ) frango ou ( ) porco???"</span><br />
<span style="font-family: Scala; font-size: 11pt;"><br /></span>
<span style="font-family: Scala; font-size: 11pt;">Francamente, como geneticista, formada bem depois da segunda guerra mundial (momento na história em que as pessoas foram separadas por cor, religião e raça e deu no que deu), não consigo aceitar esse tipo de imposição. Um amigo, que entende de sociologia, afirmou que trata-se de assédio moral.</span><br />
<span style="font-family: Scala; font-size: 11pt;"><br /></span>
<span style="font-family: Scala; font-size: 11pt;">Fiquei também me perguntando porque não recebi o papel. Acho que eles concluíram, pelo meu sobrenome, ou minha foto da ficha cadastral que sou amarela e não se deram ao trabalho de me consultar. Gostaria de deixar claro que não me considero amarela, nem branca, e que isso não faz a menor diferença pra mim. Por que isso faria diferença pra alguém? Alguém me explica, por favor!</span><br />
<span style="font-family: Scala; font-size: 11pt;"><br /></span>
<span style="font-family: Scala; font-size: 11pt;"><br /></span>
<span style="font-family: 'Scala'; font-size: 11.000000pt;"> </span>Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-58723768512656086072012-11-16T00:17:00.001-02:002012-11-16T00:20:07.904-02:00Rapidinha...Só para registrar, estamos (eu e um bando de loucos aqui da UFV) organizando um simpósio de ecologia e evolução. Pra isso, chamamos professores que estão atuando nas mais diversas instituições pelo país. Quer saber mais? Visite o site oficial do evento.<br />
<br />
<a href="http://ecoevol.wix.com/ecoevol">http://ecoevol.wix.com/ecoevol</a>Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-13082000849749417702012-05-26T19:17:00.005-03:002012-05-26T19:17:55.084-03:00Salários dos professores universitários...Só para deixar bem claro porque os professores estão indignados, veja esta comparação do salário dos professores universitários com os salários de pesquisadores do governo. Em 1998 (em plena<b> idade das trevas </b>da educação, promovida pelo PSDB), professores ganhavam um pouco mais que os pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). De lá pra cá, muita coisa mudou, inclusive o fato de que passamos a ganhar menos que estes profissionais. Nada contra estes pesquisadores, mas, se o negócio é valorizar a educação, tem alguma coisa muito errada nessa história...<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<img alt="clip_image002" border="0" height="253" src="http://acertodecontas.blog.br/wp-content/uploads/2012/05/clip_image002_thumb.png" style="background-attachment: scroll; background-color: white; background-image: none; background-position: 0px 0px; background-repeat: repeat repeat; border-width: 0px; display: block; margin-left: auto; margin-right: auto; padding-bottom: 5px;" title="clip_image002" width="404" /> <span style="font-size: x-small;">fonte: <strong>Prof. Dr. Pierre Lucena, segundo o ADUFMAT-SSIND </strong></span> </div>
<br />
<br />
Veja a explicação completa do que aconteceu de 1998 pra cá neste <a href="http://www.adufmat.org.br/index.php/comunicacao/noticias/15-noticias-2/405-professor-entenda-a-desvalorizacao-do-seu-salario" target="_blank">link</a>.Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-24441320827558859612012-05-26T19:09:00.000-03:002012-05-26T19:09:05.040-03:00Quanto será que custou?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/2fgE2hGZbA8?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
Quanto será que custam aos cofres públicos as campanhas de valorização do professor? Confesso que quando vi esta propaganda até fiquei comovida, pensei que a história de valorização fosse a sério mesmo... Depois pensei direito e não me lembro de ter ouvido nenhum jingle pela valorização da carreira de juiz (é claro! Eles <a href="http://g1.globo.com/politica/noticia/2012/05/comissao-aprova-aumento-de-203-para-ministros-do-stf-e-pgr.html" target="_blank">ganham super bem</a>, são valorizados no contracheque, não na televisão...)<br />
<br />
Ano passado, os professores de Minas Gerais entraram em greve. Foi uma briga feia com o governo (PSDB, diga-se de passagem), que acabou não negociando adequadamente e ainda colocou a opinião pública contra os professores, com caríssimas propagandas em jornais e revistas do estado. O máximo da paródia com a cara dos professores mineiros foi a propaganda estrelada por Débora Falabella, no início deste ano...<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<object width="320" height="266" class="BLOGGER-youtube-video" classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/flash/swflash.cab#version=6,0,40,0" data-thumbnail-src="http://3.gvt0.com/vi/wYx1Hmph_Tc/0.jpg"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/wYx1Hmph_Tc&fs=1&source=uds" />
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<br />
Voltando às universidades, Mercadante (atual ministro da educação, e do PT, partido que eu achava que estava comprometido com a educação) tem convicção de que cumpriu o que foi prometido aos professores, mas não mencionou nada quanto ao retrocesso no adicional insalubridade, que muitos professores têm direito (laboratórios de pesquisa, contato com produtos tóxicos, cancerígenos etc). Na verdade, para alguns de nós, o aumento de 4% e a diminuição do auxílio insalubridade fez o salário DIMINUIR!<br />
<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<object width="320" height="266" class="BLOGGER-youtube-video" classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/flash/swflash.cab#version=6,0,40,0" data-thumbnail-src="http://2.gvt0.com/vi/ZRMCJt_DU_4/0.jpg"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/ZRMCJt_DU_4&fs=1&source=uds" />
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Fora isso, um dos argumentos do ministro é que há tempo para negociar, já que o prazo para concluir o orçamento de 2013 é 31/08. No ano passado, se bem me lembro, a greve foi suspensa porque não havia tempo hábil para a negociação (o movimento ganhou força em agosto, portanto não dava tempo mesmo). Por conta disso, o então ministro <b>Fernando Haddad</b> prometeu que negociaria a carreira docente em março. Ok, esperamos março, abril e maio, e nada foi decidido. A MP com o maravilhoso aumento de 4% veio às vésperas da deflagração da greve, de modo que o governo pode dizer com todas as letras que está cumprindo com tudo que foi prometido, conforme as palavras do ministro <b>"quem faz acordo, cumpre acordo"</b>.<br />
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Bom, o sindicato TINHA uma reunião marcada para depois de amanhã, 28/05, mas já cancelou!<br />
<img id="cboxPhoto" src="http://www.aspuv.org.br/imagens_internas/noticias/publicar.jpg" style="border: medium none; display: block; float: none; margin: 89px auto auto;" /><br />
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Acompanhe <a href="https://docs.google.com/file/d/0Bzz4VZkJH1bsLUFBRmd5WlFmNE0/edit?pli=1" target="_blank">aqui</a> o quadro atualizado da greve dos professores federais.</div>
<br />Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-20518312805610660342012-05-14T12:19:00.000-03:002012-05-14T12:29:43.355-03:00A prefeitura de São Paulo e a greve nas Universidades FederaisAno passado houve um indicativo de greve nas Federais. O governo fez uma manobra esperta, convenceu os professores a não deflagrar a greve, com uma promessa explícita de negociar nossa carreira, além de um aumento de 4% em março de 2012, por medida provisória.<br />
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Neste meio tempo, o Ministério da Educação passou de Fernando Haddad para Aloizio Mercadante. Haddad quer ser prefeito da maior cidade do país, então não poderia deixar sua gestão com a mácula de uma greve nas Federais... Justamente nas universidades que adotaram o tão aclamado REUNI, orgulho do governo, que tem como meta educação para todos (pelo menos todos os que mal e porcamente aprenderam a escrever, porque sem isso, que está cada vez mais difícil de aprender no ensino médio e fundamental, não é possível, por enquanto, entrar na Universidade).<br />
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Bom, como agora o ministro mudou, não há mais o risco de associar a greve a Haddad, então não é mais necessário sentar para negociar com os professores a tão suplicada carreira docente (pra completar, há poucas universidades federais em São Paulo, a maioria é estadual, afastando ainda mais Haddad do problema). Além disso, a incorporação das gratificações no salário base e o aumento de 4% foram mandados para o congresso, ao invés de aprovados por MP já em março. Acho que a figura de Haddad não poderia ser esquecida, imagino que associar Haddad à greve em todas as mídias é essencial para que o governo ceda à negociação, principalmente porque a eleição é este ano...<br />
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Mudando um pouco o foco, gostaria de enfatizar aqui a minha humilde opinião sobre o assunto GREVE.<br />
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Como professora efetiva, é minha primeira greve. Em 2005 eu era professora substituta, não podia fazer greve, pelo que resolvi, para desespero dos estudantes da UFJF, terminar o curso de evolução de forma condensada (meu contrato estava acabando, e a Universidade não tinha a menor perspectiva de contratar outro professor). Alguns certamente me odeiam até hoje por causa disso, mas tudo bem, todos sobreviveram... Como estudante, vi algumas greves acontecerem na UNICAMP. Eu me lembro bem que paravam APENAS as aulas da graduação, e todos entendiam isso: como é que um pesquisador vai entregar o relatório do CNPq ou da CAPES em branco porque o dito cujo estava em greve? Pode até fazer isso, sob pena de nunca mais ter um projeto aprovado, ou seja, morte acadêmica...<br />
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Vamos para o problema <b>social</b> disso: o governo fez tudo o que pode para aumentar o acesso à universidade pública. Muita gente entrou, muita gente que depende dos refeitórios e alojamentos da universidade (isso é muito bom, na mesma medida em que aumentou o número de vagas, garantiu, pelo menos na UFV, alimentação e alojamento para os estudantes carentes). Não sei se alguém se tocou disso, mas em momentos de greve a pesquisa floresce (sobra tempo para pensar, para ir para o laboratório, para discutir os trabalhos com os estudantes, enfim, sobra tempo!). Acontece que os estudantes de iniciação científica (graduandos que fazem pesquisa com os professores) com menor poder aquisitivo ficam impedidos de vir Universidade. Sim, impedidos, pela falta do refeitório, que garante três refeições por dia fora de casa... O resultado é o aumento das diferenças entre os de maior poder aquisitivo e os que não tiveram tanta sorte... Se por um lado entrar na universidade se tornou um direito menos restrito à classe mais abastada, a possibilidade de se manter na universidade em tempos de greve faz com que esta mesma classe se desenvolva melhor. O resultado? Adivinha quem, no final da graduação, vai ter um currículo melhor...<br />
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O pior dessa situação é que o critério, no fim das contas, <b>parece</b> meritocrático, mas na verdade é social... Estudantes mais pobres simplesmente não podem prescindir do refeitório. Ok, dá para fazer uma vaquinha entre os mais abastados e bancar o almoço dos menos favorecidos... Quer dizer que o estudante tem que entrar na universidade e ganhar esmola pra poder ficar? É isso mesmo que pensamos sobre universidade para todos?<br />
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É claro que tem quem use o argumento da falta do refeitório para simplesmente não aparecer na universidade. Sim, esta classe sempre existiu. Tem sempre uma parcela dos estudantes que não sabe porque se matriculou no curso que se matriculou, acha que a universidade é uma fábrica de diplomas e não está interessada em aprender absolutamente nada por aqui... Para esta classe, a greve é até legal, um período para ficar oficialmente e impunemente sem fazer nada mesmo. Como faremos para separar, depois, aqueles que não investiram na formação extra-classe, nos períodos de greve, por falta de recursos ou por falta de vontade? Minha experiência me diz que não nos preocuparemos com isso... Talvez alguém se lembre disso, e aí teremos PÓS-GRADUAÇÃO PARA TODOS... O currículo não poderá ser mais avaliado, e, portanto, TODOS, mesmo quem nem gosta de estudar, teriam o DIREITO de cursar pós graduação...<br />
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Temos que tomar muito cuidado com isso, de uns tempos pra cá, pós-graduação deixou de ser uma opção dos indivíduos mais interessados em aprofundar seus conhecimentos e passou a ser emprego temporário daqueles que não têm outra opção por não terem se formado adequadamente!<br />
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Voltando para o foco inicial: ao permitir que os professores entrem em greve pela recusa em negociar, o governo, indiretamente, está promovendo a definição de mérito acadêmico por restrições econômicas, o que, a meu ver, é escandaloso!!! É por isso que estou pedindo, associem a figura de Fernando Haddad a esta greve. A prefeitura de São Paulo é muito importante para o governo, talvez assim, com algo que eles realmente prezem (ou prezem mais que à educação), teremos como forçar a negociação!<br />
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<br />Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-33550532805683529992012-05-05T19:09:00.000-03:002012-05-05T19:09:36.369-03:00Veta tudo, Dilma!Ok, vivemos numa democracia e a pior coisa que um presidente pode fazer é vetar uma decisão do Congresso Nacional. O que realmente me enlouquece é pensar que votamos nos deputados e senadores que aprovaram a mudança do código florestal do jeito que fizeram. Não sou contra a democracia, muito pelo contrário, até acredito que, dos modelos que existem e são praticados, é o menos pior. Por outro lado, não me sinto representada pelos deputados e senadores em muitas questões. Será mesmo que esta gente representa a maioria? (Ou será que a maioria deles representa a maioria do povo brasileiro?).<br />
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Nesse jogo político que existe no Brasil (no meu parco entendimento disso), <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Financiamento_p%C3%BAblico_de_campanhas" target="_blank">ganha a eleição aquele que faz a campanha mais cara</a>.... Bom, campanha cara significa campanha bancada por alguém que tem dinheiro e intenções de ganhar ainda mais dinheiro. Há quem faça doações de campanha por acreditar nas propostas de algum partido ou candidato (sim, isso existe e eu já vi), mas, infelizmente, a impressão que tenho é que este tipo de doação não faz nem cócegas no orçamento total de uma campanha política, de modo que a maioria dos senhores que estão no congresso são mesmo reféns de interesses econômicos (muitas vezes próprios, outras vezes de empresas que os ajudaram a se eleger. Para o povo faz bem pouca diferença).<br />
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Voltando para o código florestal... Quem estes caras pensam que são para colocar interesses pessoais e lucro de curto prazo na frente dos interesses do país? Li recentemente um ótimo documento sobre a importância das florestas no mundo (<a href="http://www.skoob.com.br/livro/170354" target="_blank">A história das florestas - John Perlin</a>) e sou obrigada a concordar com<a href="http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=82260" target="_blank"> alguns dos empresários</a> mais ricos deste país que o novo código florestal é medieval! Quando eu penso que na Grécia antiga os governantes perceberam que devastar tudo seria o caos, eu me pergunto se alguém aprende mesmo alguma coisa com a história ou se o destino da humanidade é dar cabeçadas no mesmo toco até que todos morramos de hematomas cerebrais! A invenção da escrita e os documentos disponíveis parecem fazer pouca ou nenhuma diferença na cabeça oca dos nossos legisladores...<br />
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Neste caso, e acho bom que se diga, as coisas devem ser avaliadas caso a caso, se eu fosse presidente, vetaria tudo e mandaria tudo de volta para o congresso. Com isso, o Brasil ganha tempo, e o código poderia ser votado depois do Rio +20. Com que cara o Brasil (na figura da própria Dilma) iria receber toda esta gente interessada em garantir um ambiente minimamente decente para os nossos descendentes? (Há <a href="http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=winWWplmyMk" target="_blank">quem</a> diga que a Rio +20 é só mais uma manobra capitalista para "manter a colônia na coleira", lamentável, mas real! Sugiro que antes de respeitar um pesquisador como sumidade no que quer que seja, que seja consultado o seu curriculo <a href="http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/busca.do?metodo=apresentar" target="_blank">Lattes</a>, que é sempre preenchido pelo próprio pesquisador...) Há pouco menos de um ano, Dilma ameaçou <a href="http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=77666" target="_blank">vetar</a> o código, que chamou de anistia aos desmatadores, o que felizmente confirmou há poucos <a href="http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2012/04/24/dilma-ameaca-vetar-texto-do-codigo-florestal-editar-mp-441704.asp" target="_blank">dias</a>. <br />
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Sim, sou suspeita para falar. Se dependesse de mim, preservaria tudo mesmo, sou bióloga, tenho muito interesse em compreender os padrões e processos evolutivos que ocorreram não só nas florestas, mas no cerrado, nos campos de altitude, na caatinga, nos pampas... Gostaria que tudo fosse preservado, que a população e a produção de lixo diminuísse pela força de vontade das pessoas em segurar a onda em se reproduzir e consumir menos!<br />
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Dilma, veta tudo, nem que seja para o congresso passar vergonha. Uma atitude dessas vai desagradar a muita gente, sim, mas a faria entrar para a história como alguém que genuinamente se preocupa com o país e não com políticas de curto prazo, que nunca resolveram nada. Por outro lado, vejo pessoas se mobilizando (mesmo que on-line, que é o jeito moderno de mobilização) para apoiar o veto.<br />
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Deixo aqui os links para estas campanhas:<br />
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http://www.avaaz.org/po/brasil_veta_dilma_a/?fvcwVab&pv=14<br />
http://www.facebook.com/events/371391646241045/ <br />
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<br />Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-80934514209827925832011-05-23T21:28:00.000-03:002011-05-23T21:28:50.805-03:00Parasitas, Bactérias e outras analogias...Eu ia escrever um monte de coisas... Mas achei uns vídeos, muito interessantes.<br />
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Sabe a comparação da espécie humana com bactérias, veja se você vê alguma relação...<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/SuvGpMevLPU?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div><br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="349" src="http://www.youtube.com/embed/4BbkQiQyaYc" width="425"></iframe><br />
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="349" src="http://www.youtube.com/embed/b98JmQ0Cc3k" width="425"></iframe>Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-869639924388884108.post-64813010051019283942011-05-21T18:19:00.000-03:002011-05-21T18:19:34.615-03:00Simbio II, Rio ParanaíbaOntem fui dar uma palestra em Rio Paranaíba, no outro campus da UFV, a universidade em que trabalho. Apesar da longa viagem até lá (10 horas de ida e 8 de volta) e da pequena audiência, foi uma das palestras mais produtivas que já dei (pelo menos pra mim). Na verdade eu tinha uma vaga ideia do que falar, mas acabei enveredando por um caminho totalmente diferente e inusitado...<br />
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O objetivo era falar do "quando" em evolução. Dei alguns exemplos de uso do Relógio Molecular em meu laboratório. Resolvi começar com a noção de "quando" na história da humanidade. Já tinha lido alguma coisa a respeito, mas resolvi rebuscar um pouco mais...<br />
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Como a viagem foi longa, num carro de de passeio (sempre pensei que o "space fox" fosse realmente espaçoso... lêdo engano), e eu tinha 4 companheiros eventuais de viagem (pessoas que nunca tinha visto antes, mas que foram agradáveis surpresas como companhia de "roubada"), fomos conversando sobre os mais variáveis temas, desde transgênicos, passando por política de meio ambiente à paranóia de ter filhos (todo mundo acha que eu tenho que ter filhos, vai entender!).<br />
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Bom, minha palestra foi se consolidando na minha pobre mente perturbada pelo cansaço, a estrada e as conversas que rolaram dentro do carro. Depois de chegar no hotel, rolaram ainda mais contratempos como um quarto sujo, uma troca de quarto, a falta de toalhas e cobertores e o principal: tomadas incompatíveis com o meu computador!!!! Foi tudo solucionado, mas à meia-noite, com uma palestra por terminar, parecia o fim do mundo!<br />
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Mais ou menos à 1:30 da manhã, consegui sentar para terminar finalmente a palestra. Lá pelas 2:30 - 3:00 consegui desenrolar o arquivo do LaTeX (o power-point de quem não tem mais o que inventar pra se enrolar na vida...) para apresentar no dia seguinte, às 10:00 da manhã. Antes da minha palestra, pude assistir às apresentações de dois dos meus companheiros de viagem, e as coisas foram mudando ainda mais dentro da minha cabeça (ainda cansada, com sono e com muito, muito frio!)<br />
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Voltando à palestra, o objetivo era falar do "quando" em evolução, quando me dei conta que a questão do "quando" é crucial para a conservação do ambiente. Meus dois colegas de "roubada" foram falar justamente disso: um deles das modificações no código florestal e o outro da lista sempre crescente de espécies ameaçadas de extinção ou extintas... (parece que algumas espécies foram decretadas como extintas assim que foram descritas, um absurdo!!!).<br />
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A questão é a seguinte: <b>o ser humano não consegue pensar em tempos muito longos</b>. Fiquei me questionando o seguinte: Nossa espécie passou a maior parte da sua existência (mais ou menos uns 160-180 mil anos) como caçadora-coletora, e, portanto tem uma ótima noção de dia e noite (e da duração do dia e quando deve retornar à caverna, antes que escureça). Quando se tornou agrícola (há mais ou menos 10 ou 12 mil anos) ganhou a noção de estações do ano (em alguns momentos faz frio, em outros nem tanto e em outros ainda, faz calor!), e de que isso deveria ser cíclico (uma bela conclusão, que exige um altíssimo poder de abstração, como veremos no fim deste texto). Como fazer esta espécie pensar nas gerações futuras, uma vez que vivemos em média uns 80 anos?<br />
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A viagem com relação ao tempo passou por físicos (que fizeram a hipótese do BigBang, pela qual o Universo tem 13 bilhões de anos) e geólogos (que aumentaram a idade da Terra de 6.000 anos, como reza a Bíblia, para 3,5 a 4,5 bilhões de anos). Esta nova idade da Terra é conhecida pela ciência desde meados do Século XVII, um pouco antes de Darwin lançar sua teoria, em 1859.<br />
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Voltando à noção de tempo... Apresentei um dos resultados do meu "laboratório", que explica a diversificação em uma família de Odonata (libélulas para os não-iniciados). Nestes resultados, obtivemos evidências de que após a (quinta) última grande extinção (aquela de 65 milhões de anos atrás, na qual os dinossauros, e a maior parte dos organismos do Planeta, foram extintos!), houve uma grande quantidade de eventos de especiação, de modo que surgiram vários grupos de espécies na família que estudamos. Traduzindo: a grande extinção eliminou milhares de espécies, das quais sobraram umas poucas, que, com o tempo, se adaptaram aos novos ambientes, ocupando o "espaço vazio" deixado pelas espécies que se extinguiram.<br />
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É importante lembrar que um evento de grande extinção não ocorre em um dia ou um mês, mas sim em séculos, nos quais as condições do ambiente estão tão ruins que levam milhares (ou milhões) de organismos à extinção. Num período destes, aqueles que se adaptam rápido (sim, em evolução, um milhão de anos é rapidinho) acabam levando a melhor e sendo representados no futuro.<br />
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Foi aí que a palestra mudou de rumo: contei para a platéia que há quem diga que estamos em plena sexta grande extinção do Planeta (em pouquíssimo tempo estamos extinguindo milhares de espécies, algumas sem termos tomado conhecimento da existência). Depois de finalizado este nosso belo trabalho, é possível que as condições de vida para nós mesmos fiquem bastante precárias, e, no limite, podemos ser extintos também.<br />
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É bem possível que após esta devastação, as espécies remanescentes se diversifiquem, recolonizando a Terra, que com o tempo vai ter apenas vestígios de nossa lamentável existência.<br />
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Depois de afirmar isso (não exatamente com estas palavras, sou péssima para repetir o que eu mesma digo), abri para perguntas. A primeira pergunta que surgiu foi: "professora, você é a favor da extinção da humanidade?" Confesso que fiquei um tanto atordoada, tudo que pude responder foi: "não tenho filhos". É isso mesmo, não tenho filhos porque acho que o Planeta não suporta mais gente. Somos 7 bilhões, a maior parte dos quais luta diariamente pela subsistência...<br />
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Não dá para pensar no meio ambiente ou no futuro do Planeta se o camarada não sabe se vai ter o que jantar! Provavelmente a maior parte da população morre de rir quando vê um ambientalista falando de conservação de florestas, ou do mico leão de não sei o quê. Não sou contra a preservação, muito pelo contrário, mas não acredito em preservação sem educação.<br />
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Se houvesse, por exemplo, uma percepção mais ampla do tempo, talvez o código florestal não estivesse prestes a sofrer modificações absurdas... Não conheço o documento em profundidade, mas, reduzir de 30 para 15 metros o espaço junto aos rios ou riachos onde não se pode plantar é não ter noção nenhuma de tempo... Gostaria de lembrar aos senhores proprietários rurais que às vezes chove um pouco mais do que eles gostariam, e que isso provoca inundações terríveis (ou será que essa gente não se deu conta das estações, ou de fenômenos climáticos como <i>el niño</i> ou <i>la niña</i>?) Outra coisa a ser lembrada é que a falta de vegetação em torno da água provoca assoriamento dos rios... Ninguém lembra de 2 ou 3 anos atrás? Tudo bem não ter noção de milhões de anos, mas de 2 ou 3 anos, é demais! [como eu disse, pensar em coisas cíclicas, como estações em um ano, exige demasiada abstração por parte do <i>Homo sapiens</i> (ou <i>nem tantus</i>...)]<br />
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Outro papo que veio à tona foi o do crescimento populacional. Todo mundo sabe que Malthus mostrou que a população humana cresce em escala geométrica, enquanto a produção de alimentos cresce em escala aritmética. Isso levaria certamente a uma fome generalizada. Graças à revolução verde e aos avanços da agricultura (parte deles de responsabilidade orgulhosa da UFV, a universidade em que trabalho), esse colapso <b><i>ainda</i></b> não aconteceu. Os transgênicos são, hoje, a promessa de que não vai acontecer... (outra falta de percepção do tempo quase infantil!)<br />
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Acho que precisamos começar a raciocinar um pouco melhor sobre este assunto... Plantar e colher exige recursos naturais, que infelizmente estão se exaurindo. Temos outro problema, que talvez no momento seja pior: produzimos mais lixo do que o ambiente é capaz de processar e que dura mais tempo que a existência do ser humano que o produziu. É pura lógica: uma hora dessas, com a quantidade de gente no mundo, isso vai acabar dando problema...<br />
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Não sei se esses desastres vão acontecer no meu tempo de vida, ou no tempo de vida dos filhos dos meus amigos ou dos meus alunos, ou dos filhos dos filhos deles (viu como eu não sou tão pessimista assim?). Só sei que a solução dada pelos livros de ficção científica era simplesmente deixar o Planeta e viajar para outro. Fico me perguntando se isso tudo tem algum sentido... (deixamos um Planeta e fazemos a mesma coisa em outro, e talvez em um terceiro, um quarto... Beleza, o Universo é infinito mesmo...)<br />
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Um dos professores de Rio Paranaíba, que trabalha com bactérias, comentou sobre o crescimento bacteriano em laboratório:<br />
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Ele disse que as bactérias têm várias fases. Na primeira, se reproduzem lentamente (como o fez a humanidade até uns 500 anos atrás), depois a taxa de crescimento aumenta um pouco, depois aumenta assustadoramente (a fase log, onde cresce exponencialmente, que é o ponto onde imagino que estejamos). Isso não pode durar pra sempre (apesar dos governos acharem que não é hora das populações pararem de crescer, porque precisamos de gente para produzir!!! ???). Depois da fase log, vem a fase de estabilização (na qual a quantidade de indivíduos que nasce é igual à que morre). Nesta fase, as bactérias consomem o que resta dos recursos. Nesta fase também, se acumulam as toxinas, produzidas como dejetos das próprias bactérias. Depois de um tempo estável, a população começa a declinar, tanto por falta de recursos quanto pela toxicidade do ambiente.<br />
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Com a estratificação da sociedade (que existe, apesar do que dizem os políticos), adivinhe quem vai sofrer primeiro a falta de recursos e a intoxicação por nosso lixo?<br />
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Vou parar de escrever, a cada linha diminui mais a quantidade de leitores potenciais deste post... Sim, estou pessimista, mas ainda acho que se todo mundo conseguir pensar em um tempo um pouquinho maior que a próxima refeição (ou a próxima bolada de dinheiro que vai ganhar), as coisas tendem a melhorar. Minha esperança é que a fase log acabe antes da exaustão do Planeta, e que eu não esteja mais por aqui quando a população começar a declinar pela fome e excesso de lixo. Como eu gostaria de poder dar um chacoalhão em cada ser humano e dizer: <b>acorda, criatura!!! Você quer continuar vivendo, e bem? Então para de consumir tanto, para de produzir tanto lixo e vota direito, caramba!</b>Karla Yotokohttp://www.blogger.com/profile/01679235034059187334noreply@blogger.com5