sábado, 5 de maio de 2012

Veta tudo, Dilma!

Ok, vivemos numa democracia e a pior coisa que um presidente pode fazer é vetar uma decisão do Congresso Nacional.  O que realmente me enlouquece é pensar que votamos nos deputados e senadores que aprovaram a mudança do código florestal do jeito que fizeram. Não sou contra a democracia, muito pelo contrário, até acredito que, dos modelos que existem e são praticados, é o menos pior. Por outro lado, não me sinto representada pelos deputados e senadores em muitas questões. Será mesmo que esta gente representa a maioria? (Ou será que a maioria deles representa a maioria do povo brasileiro?).

Nesse jogo político que existe no Brasil (no meu parco entendimento disso), ganha a eleição aquele que faz a campanha mais cara.... Bom, campanha cara significa campanha bancada por alguém que tem dinheiro e intenções de ganhar ainda mais dinheiro. Há quem faça doações de campanha por acreditar nas propostas de algum partido ou candidato (sim, isso existe e eu já vi), mas, infelizmente, a impressão que tenho é que este tipo de doação não faz nem cócegas no orçamento total de uma campanha política, de modo que a maioria dos senhores que estão no congresso são mesmo reféns de interesses econômicos (muitas vezes próprios, outras vezes de empresas que os ajudaram a se eleger. Para o povo faz bem pouca diferença).

Voltando para o código florestal... Quem estes caras pensam que são para colocar interesses pessoais e lucro de curto prazo na frente dos interesses do país? Li recentemente um ótimo documento sobre a importância das florestas no mundo (A história das florestas - John Perlin)  e sou obrigada a concordar com alguns dos empresários mais ricos deste país que o novo código florestal é medieval! Quando eu penso que na Grécia antiga os governantes perceberam que devastar tudo seria o caos, eu me pergunto se alguém aprende mesmo alguma coisa com a história ou se o destino da humanidade é dar cabeçadas no mesmo toco até que todos morramos de hematomas cerebrais! A invenção da escrita e os documentos disponíveis parecem fazer pouca ou nenhuma diferença na cabeça oca dos nossos legisladores...

Neste caso, e acho bom que se diga, as coisas devem ser avaliadas caso a caso, se eu fosse presidente, vetaria tudo e mandaria tudo de volta para o congresso. Com isso, o Brasil ganha tempo, e o código poderia ser votado depois do Rio +20. Com que cara o Brasil (na figura da própria Dilma) iria receber toda esta gente interessada em garantir um ambiente minimamente decente para os nossos descendentes? (Há quem diga que a Rio +20 é só mais uma manobra capitalista para "manter a colônia na coleira", lamentável, mas real! Sugiro que antes de respeitar um pesquisador como sumidade no que quer que seja, que seja consultado o seu curriculo Lattes, que é sempre preenchido pelo próprio pesquisador...) Há pouco menos de um ano, Dilma ameaçou vetar o código, que chamou de anistia aos desmatadores,  o que felizmente confirmou há poucos dias.

Sim, sou suspeita para falar. Se dependesse de mim, preservaria tudo mesmo, sou bióloga, tenho muito interesse em compreender os padrões e processos evolutivos que ocorreram não só nas florestas, mas no cerrado, nos campos de altitude, na caatinga, nos pampas... Gostaria que tudo fosse preservado, que a população e a produção de lixo diminuísse  pela força de vontade das pessoas em segurar a onda em se reproduzir e consumir menos!

Dilma, veta tudo, nem que seja para o congresso passar vergonha. Uma atitude dessas vai desagradar a muita gente, sim, mas a faria entrar para a história como alguém que genuinamente se preocupa com o país e não com políticas de curto prazo, que nunca resolveram nada. Por outro lado, vejo pessoas se mobilizando (mesmo que on-line, que é o jeito moderno de mobilização) para apoiar o veto.

Deixo aqui os links para estas campanhas:

http://www.avaaz.org/po/brasil_veta_dilma_a/?fvcwVab&pv=14
http://www.facebook.com/events/371391646241045/


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