terça-feira, 10 de agosto de 2010

quem começou?

Aqui mesmo no blog, um estudante me questionou: o que será que começou primeiro, os professores ficaram sem vontade de dar aula ou os alunos ficaram sem vontade de estudar?

Difícil de dizer. Posso falar da minha experiência pessoal e do que tenho observado. Cada vez que entro na sala de aula com vontade mesmo de dar aula e encontro uma turma apática, que não está nem um pouco interessada no que tenho a dizer, morre mais um pedaço da professora idealista dentro de mim... Às vezes tenho a impressão de que neste ritmo ela vai definhar e acabar para sempre, e eu vou me transformar num desses professores que contam os dias pra se aposentar.

Vejo alguns dos meus colegas mais velhos, com mais tempo de casa, que são muito difamados pelos estudantes por não terem tolerância com os alunos, e me pergunto se eles, em algum lugar do passado, não eram professores idealistas, que preparavam ótimas aulas e que eram recebidos por turmas apáticas.

Do ponto de vista de um professor iniciante, os estudantes começaram, e que esta atitude não ajuda a ter bons professores...

Por outro lado, me coloco na posição dos alunos, que chegam para assistir aula e são recebidos por um professor cansado e calejado, que está abatido por não ter conseguido manter vivo o ideal de ensinar e que tudo que tem a dizer é que não gostaria de estar naquele ambiente.

Do ponto de vista de um estudante, acho que os professores começaram, e que esta atitude não ajuda a ter estudantes interessados...

Ok, e a história toda, onde começou? Não tenho a menor idéia... Desde sempre eu soube que algumas pessoas gostam de estudar, e o fazem com prazer, enquanto outras detestam a escola desde o princípio.

Será que de uns tempos pra cá temos mais estudantes que detestam a escola assistindo aulas, o que desmotiva os professores e acaba desmotivando os outros estudantes?

Proponho uma solução para o mundo ideal: como todo mundo precisa estudar (pelo menos até terminar o ensino médio - e esta é a minha opinião), seria legal se os estudantes fossem divididos em turmas de gente que gosta de estudar e turmas de gente que não gosta de estudar. O único critério é o estudante declarar no ato da matrícula: gosto ou não gosto de estudar. A idéia é dar um tratamento diferenciado, no sentido de tentar "converter" os que não gostam de estudar. Todos poderiam mudar de turma em qualquer tempo durante o semestre. Uma escola melhor seria aquela com maior aumento na turma dos que gostam de estudar durante o ano.

Na turma dos que não gostam de estudar, a vida seria mais fácil e mais divertida, de modo a garantir que o estudante saia da escola com o mínimo necessário para saber escrever, ter um mínimo de cultura geral e saber fazer contas elementares. Tudo isso é essencial para qualquer tipo de profissão.

Eu sugiro também que as profissões, hoje destinadas a pessoas que não estudaram, comecem a ser exercidas por pessoas que não gostavam de estudar na escola e estavam nestas turmas especiais. Estas profissões também teriam de ser melhor remuneradas do que são hoje, de modo que o sujeito, mesmo sem gostar de estudar, possa dar uma vida digna a suas famílias, sem recorrer à violência, uma saída comum àqueles que não estudaram e não se conformam com uma vida de privações.

Na turma dos que gostam de estudar, as coisas seriam diferentes. Sem a influência daqueles que não suportam os bancos da escola, as aulas renderiam mais, seria possível aprofundar os mais diversos assuntos. Além disso, poderiam ser feitas seções de palestras, com os mais diferentes profissionais, de engenheiros a cientistas, de modo que o estudante pudesse ter uma visão mais abrangente do mundo que terá aos pés mais tarde...

Nesse mundo ideal, as universidades seriam o passo natural na carreira de quem gosta de estudar. As licenciaturas seriam cursadas por pessoas que, além de gostar de estudar, acham que ensinar é muito importante.

Será que neste mundo, os profissionais seriam mais bem formados? Será que neste mundo não seria necessário conviver com estudantes universitários que não sabem sequer porque optaram por um curso ou por outro?

Fica a idéia... Será que daria certo?

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