sexta-feira, 28 de março de 2008

o que é isso, professor?

Uma coisa que eu faço questão de fazer é dar o mesmo tratamento para todas as pessoas que conheço ou que eventualmente cruzam o meu caminho. Gostaria de ser tratada assim por todo mundo, acho, inclusive que se todo mundo se tratasse assim o mundo ia ser um lugar mais bacana de se viver. Enfim, se tenho que trocar idéias com professores, alunos ou quem quer que seja, trato meus interlocutores de igual para igual e procuro (nem sempre consigo) ouvir mais do que falar.

Quando estou discutindo com alguém também procedo da mesma maneira, não faço distinção se estou discutindo com um professor ou com um aluno, se estiver de fato irritada vou acabar sendo irônica com quem quer que seja e admito ser bem desagradável nessas horas (estou tentando mudar isso, mas é complicado). O que não faço nunca é impor minha posição de professora para falar mais alto ou tentar calar quem está discutindo comigo. Não me sinto melhor que ninguém por motivo algum e também não aceito que ninguém tente impor qualquer tipo de hierarquia sobre mim, nunca fui muito afeita a aceitar autoridade mesmo (o que já me causou problemas e de fato não recomendo pra ninguém).

Bom, hoje numa discussão um tanto quanto acalorada pela defesa de pontos de vista, um colega se sentiu bastante ofendido durante a discussão. Ele me chamou o tempo todo de senhora (o que me irritou profundamente) enquanto eu o tratava por você (me parece óbvio que posso tratar por você um sujeito que tem a mesma idade que eu). Ele ficou ofendido por isso, me disse que estava me tratando por senhora em sinal de “respeito”, e que eu deveria fazer o mesmo já que ele é um professor... Fez todo um discurso, um tanto quanto inflado dizendo que, por ser ele um professor, deveria ter um tratamento diferenciado.

Eu valorizo muito a profissão de professor, acho que não preciso nem escrever isso, foi essa a profissão que escolhi para mim. Daí a acreditar que o tratamento formal indica respeito por parte de alunos e colegas me parece inapropriado e um tanto quanto exagerado. Me formei em uma instituição onde tudo era muito informal, sempre tratei meus professores, mesmo os mais titulados, pelo nome, e muitas vezes pelo apelido. Se tenho respeito por eles? É claro que sim, mas isso não se traduz no tratamento formal e sim na reverência em sempre procurar escutar o que dizem, principalmente quando me dão o prazer de conversar comigo (é sempre um prazer conversar com pessoas cultas e inteligentes, sem dúvida alguma. Cabe ressaltar que jamais vi um professor titular renomado exigindo ser chamado de senhor, acho que estas coisas nem passam pela cabeça deles)

Apesar disso, e por mais que eu proteste, alguns alunos insistem em me chamar de senhora. Fazer o que? Às vezes sinto que um determinado aluno me odeia e precisamente por isso me chama de senhora e que se pudesse diria: "a senhora vá para aquele ilustríssimo lugar..." Acho que é a meia idade chegando, por isso me irrito tanto com este tratamento formal. Quando eu finalmente aceitar que todo mundo envelhece e que vai ser assim daqui pra frente talvez não me irrite tanto. Só não consigo aceitar que alguém da minha idade, ou mais novo que eu, como era o caso do referido professor, já tenha tantos vícios desta academia que pretenda ser tratado de maneira diferencial só porque é professor.

Tenho pra mim que respeito vai além do tratamento formal, e mais, respeito se conquista e não se impõe (como se isso fosse novidade pra alguém...). É professor, acho que nós dois temos muito que aprender. Eu tenho que escutar mais e me exaltar menos durante uma discussão COM QUEM QUER QUE SEJA e o senhor, bom, acho que o senhor devia rever seus conceitos, pelo menos o de respeito.

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