sexta-feira, 20 de maio de 2016

Aula avançada de estatística na Câmara dos Deputados

Santa inocência Batman!!!

Como assim pensar em coincidência e utilizar algum tipo de estatística probabilística? Lendo outras matérias mais tarde, fui informada que o Moura, aquele deputado é o líder do governo na câmara, na verdade são os olhos, ouvidos e boca de Cunha na casa!!!

Estão dizendo por aí que Eduardo Cunha está com o interino nas mãos (me recuso a escrever o nome do vice), assim como tinha Dilma nas mãos... Procurei entender do que se trata: ao que parece, Cunha tem maioria na Câmara para aprovar ou desaprovar o que ele quiser! Se o interino quiser governar ou aprovar qualquer coisa, tem que passar pela câmara, o que equivale a dizer que tem que passar pelo crivo de Cunha.

Eu não sei se o jogo está cada vez mais claro ou se as hipóteses são cada vez mais mirabolantes. Tá difícil de acompanhar, mas pelo que entendi já faz bastante tempo que somos reféns desse bandido.

A pergunta que não quer calar (e já faz algum tempo) é porque Cunha ainda não foi preso? O que Cunha tem contra os ministros do Supremo? Será que além de mandar na Câmara ele também manda no Supremo??? Seria interessante calcular as probabilidades dos diferentes cenários mirabolantes e ver qual das milhares de alternativas seria a melhor.

A propósito, quando você multiplica as probabilidades de todos os fatores envolvidos e tem um resultado final (na esmagadora maioria das vezes números minúsculos, já que você multiplica probabilidades, como vimos na primeira aula), você está calculando a verossimilhança do cenário. Basta então comparar as verossimilhanças de cenários diferentes e ver qual mais se ajusta ao que estamos vivendo. Ainda vou sentar e tentar brincar com os números, mas fica o conceito.

Para os iniciados, poderíamos juntar todos fatores (proporção de deputados que estão nas mãos de Cunha, proporção de senadores, juízes e membros do executivo na mesma situação, probabilidade de que alguém o traia e tantos outros parâmetros), chutar valores iniciais para a importância de cada fator e rodar uma Cadeia de Markov com milhões de gerações para tentar encontrar cenários mais prováveis e definir melhor quem são os principais agentes dessa situação surreal. Acho que o que estou propondo é até um desrespeito com o Reverendo Bayes, mas sinto muito, minha cabeça não funciona de outro jeito!


quinta-feira, 19 de maio de 2016

Aulinha de estatística na Câmara dos Deputados



Circulando nas redes sociais, só pra tentar ficar por dentro do que está rolando em Brasília, dei de cara com esse vídeo de Ricardo Boeachat. Confesso que às vezes amo o que ele diz e às vezes nem tanto, mas o vídeo de hoje dá uma bela aula de estatística.

Explicando melhor: por que será que o interino escolheu André Moura como líder do governo na Câmara? A pergunta que não quer calar é: "Não tinha nenhum deputado que fosse melhorzinho"?

No vídeo (assista para saber do que estou falando), Boechat se pergunta se é apenas coincidência que um deputado, da tropa de choque de Cunha, investigado por homicídio, indiciado na lava jato e réu em três processos no Supremo foi o escolhido.

Coincidência? Com um pouquinho de estatística, posso sugerir que não.

Boeachat tenta "aliviar" Moura dizendo que ok, metade da Câmara é da tropa de choque de Cunha. Eu sou um pouco mais pessimista e acho que pelo menos 3/4 da Câmara fazem parte dessa tropa, mas você pode fazer as contas com as duas possibilidades.

Ele continua dizendo que o deputado é só suspeito de homicídio, ok, ainda não foi condenado, mas Boechat pergunta ao cidadão, quantos brasileiros são suspeitos de homicídio? Indo só para o universo da Câmara, quantos deputados são suspeitos de um crime como esse? Como não tenho os dados, chutei 1% (é muito, se você quiser pode baixar essa frequência, não tem problema).

O próximo item: Moura é investigado na Lava-Jato. Mas "Boechat, larga de ser chato, a Lava-Jato foi criada por Moro para perseguir os políticos, a grande maioria está envolvida". Pois bem, coloquemos a grande maioria, pode ser 4/5 dos deputados? Mais uma vez, se você quiser colocar mais ou menos, fique à vontade...

Tem mais, Moura é réu em três processos no Supremo. Ok de novo, só é réu, não foi condenado. Mas pense bem, quantos deputados são réus em um processo no Supremo? Sendo bem exagerada, poderia pensar em 1/3 dos deputados réus em um processo. Com isso, a probabilidade de ser réu no supremo tem que ser elevada ao cubo (probabilidade de ser réu em um processo, vezes a probabilidade de ser réu em um segundo, vezes a probabilidade de ser réu em um terceiro).

Vamos para o fechamento da aula de estatística... Qual a probabilidade de ser coincidência que Moura seja da tropa de Cunha, indiciado por homicídio, citado na Lava-Jato e réu em três processos no supremo?


P(coincidência) = 0,75 x 0,01 x 0,8 x 0,33 x 0,33 x 0,33 = 0,0002

Isso significa que apenas 1 em cada 4.500 deputados exibiriam, sendo inocente, toda essa série de atributos juntos. Como a Câmara não tem tal número de Deputados (só tem 513 como aprendi da fatídica votação do dia 17 de abril), fica a impressão de que Moura foi escolhido apesar disso tudo por falta de opção por parte do interino (ninguém com um pouco mais de credibilidade aceitaria?) ou pior, que foi escolhido por causa disso tudo (o que me parece mais provável, já que acho que muitos deputados ficariam felizes com o cargo).

Deixo com você a segunda parte da aula de estatística: qual a probabilidade de um deputado com tantas suspeitas nas costas ser alguém digno de confiança? Mais importante ainda, digno da confiança de quem? Pense nisso!

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Estudantes que brigam para estudar!!!

Hoje vi de novo esse vídeo incrível no youtube:



Me deu uma esperança de dias melhores, com uma geração mais atenta, com mais vontade de aprender. Como diz a canção: "Pra ter escolha tem que ter escola, ninguém quer esmola, isso ninguém pode negar".


https://www.facebook.com/naofechemminhaescola/videos/1540779099550385/


Gostaria que os estudantes universitários entendessem essa luta e entrassem nela também!!! Que maravilhoso seria construir uma geração consciente, atenta e com conhecimento para fazer um Brasil melhor, pra todo mundo!

Eu quero o futuro do Brasil, o futuro da ciência e luto pela formação de novos cientistas, com capacidade, vontade e perseverança (porque não adianta só falar mal e sair na primeira oportunidade) de colocar o Brasil no mapa da boa ciência mundial.

sábado, 26 de dezembro de 2015

detalhes da deglutição de um anuro (ou, como engolir um sapo)


Imagine um sapo bem grande, daqueles que assustam só de olhar... Sim, mesmo sendo bióloga, eu chamo mesmo de sapo e não penso em toda a classificação: EukaryotaOpisthokontaMetazoaEumetazoa, Bilateria, Deuterostomia, Chordata, Craniata, Vertebrata, Gnathostomata, Teleostomi, Euteleostomi, Sarcopterygii, Dipnotetrapodomorpha, Tetrapoda, Amphibia, Batrachia, Anura. Também não penso no quanto somos parecidos (eu e o sapo), já que de toda essa classificação, somos colocados nos mesmos grupos até Tetrapoda! Isso não vem ao caso agora, o que quero com esse post é descrever detalhes do processo de engolir um sapo dos grandes.

Você está desprevenido pensando alegremente na sua existência. Acontece algum problema e eis que o sapo pula direto na sua garganta... Ele pensa que você é uma lagoa (aquela em que vive o sapo que não lava o pé) e tenta nadar para dentro de você. Lógico que ele empaca, ele é enorme e a sua garganta é pequena. Aí começa o suplício: o sapo, entalado na sua garganta, com as patas dianteiras tentando descer pelo seu esôfago te dá calafrios, não deixa você dormir, comer ou pensar direito. O sapo faz barulho, arranha o seu esôfago, chuta a sua boca. Não bastasse sua existência, ele faz questão de mostrar que está lá, vivo, verde e incômodo como qualquer outro sapo nesse tipo de situação. (Nessas horas eu entendo porque o psicólogo falou que para mim, o meu problema é o maior problema do mundo... Claro! Ele está dentro da minha garganta e isso faz pequenos os sapos nas gargantas alheias).

Depois de muito lutar para tirar o sapo de lá, você resolve engolir: ele não vai sair mesmo, é melhor se render no fim das contas. Bom, ele passa vagarosamente pelo seu esôfago, te causando um mal estar indescritível, e cai no seu estômago. Agora suas enzimas digestivas começam a querer atacá-lo, mas ele é forte, a gosma que protege sua pele faz com que ele fique muito tempo no seu estômago sem ser digerido. Como ele continua se mexendo e incomodando, você tem algumas crises de enjôo, vontade de vomitar - talvez vomitando você se livre dele, mas lembre-se, ele é enorme, é melhor digerir do que ter que encarar um sapo no caminho de volta.

O tempo passa e suas enzimas finalmente atacam a pele do sapo, que de uma hora para a outra não te incomoda mais durante 24 horas por dia, só de vez em quando. A cada mexida do sapo, uma injeção de ácido no seu estômago, mas você já está quase acostumado...

Depois da longa permanência no estômago, os fragmentos do sapo finalmente passam para o seu intestino. É nesse momento que você absorve alguma coisa boa da terrível experiência... Você pode começar a pensar do ponto de vista do sapo (que só queria pular na lagoa, pois é da natureza dos sapos). Você também pode olhar em volta: há muitas coisas legais na vida: existe comida boa, existem sapos que cantam para se divertir ao invés de pular em boca de gente; existem lagoas, florestas, cachoeiras... Enfim, você descobre, depois de meses tentando digerir um sapão, que a vida é bem maior do que ele e que afinal de contas você tem amigos verdadeiros com os quais pode contar, em qualquer situação.

A partir daqui, o resto da história é desnecessário, já que todo mundo sabe o que acontece com os restos de uma comida indigesta. Surge uma sensação de leveza, que já foi substituída com distinção e louvor pela comida da mamãe.

Eu queria terminar o texto de um jeito legal, com uma mensagem edificante de fim de ano, só para marcar o período... Pensei em algumas, e as que consegui escrever sugeriam que você engolisse os seus sapos o mais rápido possível. Besteira! A digestão é muito lenta pra ser saudável e ninguém deveria ser aconselhado a engolir sapos, isso simplemente acontece com quase todo mundo!

O segundo tipo de mensagem edificante que eu consegui pensar foi na linha: pense nos sapos que já engoliu e tente tirar uma coisa boa de cada um deles. Totalmente Poliana esse final, nada a ver comigo...

O terceiro tipo foi: Feche a boca para evitar que sapos te confundam com uma lagoa... Outra sandice... Eu jamais ficaria calada em situação alguma só por medo de sapo...

Talvez o melhor conselho de todos seja: O sapo na garganta de alguém, evite ser!


Feliz 2016!