quarta-feira, 26 de setembro de 2007

é só comigo mesmo...

Eu preciso contar, nunca vi isso acontecer com ninguém, me disseram até que se eu contar ninguém acredita (acho que se me contassem eu não acreditava!)

Estava eu, me preparando pra vir trabalhar e listando mentalmente o que tenho pra fazer hoje quando toca o interfone:

eu: quem é?
voz de mulher: é da farmácia
eu: não pedi nada, deve ser um engano
voz de mulher: A Erwinia tá aí?
eu: não tem ninguém com esse nome aqui...

Catei umas roupas que estavam no banheiro, ia colocar na máquina de lavar quando tocou a campainha (umas 5 vezes)

eu: quem é?
mulher: ABRE A PORTA! (as maiúsculas significam gritos)
eu: o que você quer?
mulher: ABRE A PORTA ERWINIA!
eu: não sou Erwinia!
mulher: É SIM!
eu: NÃO SOU NÃO
mulher: ENTÃO POR QUE NÃO ABRE A PORTA?
eu: PORQUE NÃO TE CONHEÇO
mulher: MAS EU TE CONHEÇO, E O MEU MARIDO ESTÁ COM VOCÊ

(comecei a compreender porque ela estava tão nervosa, mas por outro lado podia ser uma cilada, vai que ela tava acompanhada e tinha um assaltante ou um seqüestrador do lado dela, quem já morou em Campinas sabe o que é esse tipo de medo)

eu: EU VOU CHAMAR A POLÍCIA SE A SENHORA NÃO FOR EMBORA!
mulher: CHAMA QUE EU VOU ADORAR E AINDA MANDO VOCÊS DOIS PRO CHILINDRÓ! CHAMA, CHAMA MESMO!

(a essa altura já estava preocupada com a minha integridade física caso abrisse a porta e fosse parecida com a tal Erwinia que eu nem conheço)

Como sou nova na cidade, não tenho lista telefônica. Liguei para uma amiga, que ficou nervosa também e não achou o número. Nenhuma das duas lembrou do 190, muito útil nessas horas. Nisso já estava tentando contactar o porteiro já fazia um tempão e ele não atendia o interfone.

Fui à janela, por sorte tinha um rapaz num carro que gentilmente atendeu a meu chamado desesperado e chamou o porteiro. O porteiro subiu e a louca não estava mais lá... Eu contei pra ele a história toda e ele me olhava com uma cara de espanto que achei por um momento que tinha imaginado tudo aquilo e que estava nervosa à toa...

Quando eu falei o nome da moça, Erwinia, ele se lembrou dela, disse que de fato o dono da farmácia vive na casa dela e essas histórias de prédios...

Bom, escapei ilesa dessa, mas levei mais de meia hora pra me situar no mundo de novo... Essas coisas só acontecem comigo mesmo...

Crianças, essa é pra aprender que o telefone de emergência é o 190, que não se deve abrir a porta pra estranhos, sob pretesto algum, e que por mais que inofensivo pedir remédios por telefone, tudo na vida tem um custo associado (bom, depois dessa fiquei com medo!)

PS: troquei o nome da moça por razões óbvias!

domingo, 23 de setembro de 2007

Maria Bethânia canta

recordar é viver...

Ontem tava de bobeira na internet e resolvi procurar uma gravação da Bethânia da qual só ouvi falar recentemente. Sempre fui super fã de Fernando Pessoa, em especial de Alberto Caeiro, mas não sabia que um monte de gente tinha gravado poemas dele. Bom, o primeiro site que entrei tinha justamente uma interpretação do poema do menino Jesus. Muito longe de ser religioso, o poema é um apelo ao bom senso das pessoas. Pra quem não conhece Fernando Pessoa e seu heterônimo , Alberto Caeiro(o meu favorito), esta é uma ótima maneira de ser apresentado. Pra quem conhece, é emocionante ver como a Betânia o interpreta, ainda mais nesse poema, que como diria uma grande amiga, é LIIIINNNNDOOOO!!!

http://www.releituras.com/fpessoa_guardador.asp

sábado, 15 de setembro de 2007

cuméquié?

Pára tudo!

Alguém me explica o que aconteceu no senado esta semana? A imprensa faz muxoxo, os políticos dizem que foi uma vitória da democracia... (???) Como assim se o povo se posicionou contra Calheiros??? (Bom, pelo menos todo mundo que eu conversei, que reconheço, não representa nada em termos de números, já tinha condenado o cara, além disso vi uma série de manifestações lá em Brasília contra o resultado da fatídica votação!)

Mas daí fazem sessão secreta, ninguém sabe e ninguém viu, "só sei que foi assim..." Alguns comemoram descaradamente a vitória do pobre infeliz injustiçado (que ganha muiiiito melhor do que eu), outros dizem que é assim mesmo e que o resultado da votação tem que ser acatado mesmo que eles não concordem. Tá, tudo bem, isso lá é verdade, democracia tem dessas coisas...

Mas por que não abrir o voto? Por que votar a favor de um sujeito que está mais sujo que pau de galinheiro? Ou, se não está sujo e isso tudo é uma conspiração da imprensa, que é má e resolveu crucificar o coitado justamente porque ele é a personificação do bem; por que não votar a favor dele abertamente? Será mesmo que a imprensa de fato fabrica tudo e ficamos à mercê de notícias mentirosas que nos fazem pensar o pior de uma criatura imaculada?

E as declarações do infeliz? Por que tanta necessidade de ameaçar publicamente os colegas? (Essa eu respondo, os coleguinhas não devem ser lá muito limpinhos...) Eu fico pensando qual seria a minha atitude se fosse acusada injustamente do que quer que fosse... Talvez eu me afastasse do cargo, ficasse longe das vistas dos meus eleitores (a quem certamente eu daria explicações no momento oportuno) por um tempo e tentaria limpar meu nome na justiça comum. Eu sei que uma vez maculado um nome não fica limpo de uma hora pra outra, mas assim que conseguisse deixar tudo às claras, processaria meus delatores, um a um, arrancaria cada centavo de cada um dos infelizes; depois fazia outra campanha eleitoral (com o dinheiro das indenizações, claro!) e voltava pra vida pública com a cabeça erguida...

Por que será que ele não faz isso? Por que finge que não é com ele e não faz questão de provar nada? Qual é a desse cara? Qual é a do Senado? Qual é a nossa que não fazemos nada?

Voltando ao mesmo papo de sempre, a verdade é que a gente nunca faz nada em situação alguma mesmo... Todos os dias vemos gente que não pára na faixa de pedestres, pedestres que se enfiam na frente dos carros, gente que joga lixo no chão, aluno que mata aula, aluno que assina a chamada pelo colega, professor que finge que preparou aula, gente que sai do restaurante sem pagar... Enfim, um monte de coisas que acontecem no nosso nariz e ninguém fala nada... Não fala nada porque acha que está perdendo tempo, que não adianta, porque está com preguiça, porque sei lá o que. Tenho pra mim que a partir do momento que começarem a chamar a sua ou a minha atenção por cada falha, as falhas passarão a ser menos freqüentes, talvez apareçam outras, que também passem a ser menos freqüentes... Com isso deve-se reduzir substancialmente o número de coisas erradas... Será que o mundo melhora só com isso? Não dá pra saber se não começarmos a testar.

Proponho um teste: e se todo mundo que ler este post começar a ficar mais criterioso com atitudes indignas dos outros? E se cada um que levar uma chamada também começar a ficar crítico? Será que dá pra melhorar o entorno? Será que dá pra melhorar o mundo?

Por minha parte eu já sou chata assim mesmo, e moooorrrroooo de vergonha quando alguém chama a minha atenção por alguma coisa, especialmente se este alguém for aluno e estiver fazendo alguma crítica às minhas aulas... Fazer o que? Se eles não criticassem eu ia achar que está tudo perfeito, pressuposto que, por definição, mina qualquer possibilidade de melhora...