quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Entre relíquias sagradas e ciência... René Descartes

Passei só pra recomendar o último livro que li: "Os Ossos de Descartes", de Russel Shorto. Nunca li nada desse autor, nem tinha ouvido falar. Foi tudo um "acidente" feliz. Fui à livraria, procurar algum livro de divulgação científica na minha área... Não achei nada e olhei pro lado, na parte de filosofia da ciência (que vai ser meu novo nicho de busca de livros) e or acaso o título me chamou a atenção...

Sem esperar muito do livro, me surpreendi... O relato começa com a morte de Descartes, alguém que achava que iria driblar a morte por uns 500 anos (viveu só 52, vencido pelo frio da Suécia). Apesar de ser o pai do materialismo e ter criado as bases do Iluminismo (o movimento que, muito tempo depois de sua morte, iniciou o racionalismo na humanidade), Descartes  teve nada menos que três funerais (católicos) em épocas e contextos diferentes. Teve parte de seu esqueleto roubado (o crânio!), mantido como relíquia, vendido em um leilão barato e venerado, por cientistas e religiosos.

O livro conta a história dos ossos de Descartes, dos grandes cientistas que tiveram seu suposto crânio em mãos e das "certezas científicas" que basearam a veracidade do crânio enquanto pertencente ao grande mestre. É muito interessante ver que, como quase sempre, os pesquisadores partem de uma certeza (de que o crânio era dele e não de outro europeu qualquer) e como isso enviesa o resultado final. Ao mesmo tempo que conta uma história interessante, o autor faz pensar sobre o método científico, as crenças dos pesquisadores, o funcionamento do cérebro e em como tudo isso é indissociável.




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